Por que não festejo e me faz mal o Natal
por Mário Maestri*, no Espaço Acadêmico
Não festejo e me faz mal o Natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de “pai eterno”, pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos responsáveis.
Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: “Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César”!
O Natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.
Não festejo e me desgosta o Natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.
Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se freqüentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.
Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que nos intoxica com impudícia crescente a grande mídia, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam – vide o peru de Bush, no Iraque – o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.
Não festejo o Natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.
Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, hedonista, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.
* Historiador e professor do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UPF, RS. Publicado em La Insignia.
Comentário meu: Não festejo o Natal. A data é um dia normal como qualquer outro. Não dou nem recebo presentes. Não prepararo Ceia nem aceito convite para comemorar.
Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: “Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César”!
O Natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.
Não festejo e me desgosta o Natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.
Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se freqüentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.
Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que nos intoxica com impudícia crescente a grande mídia, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam – vide o peru de Bush, no Iraque – o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.
Não festejo o Natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.
Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, hedonista, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.
* Historiador e professor do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UPF, RS. Publicado em La Insignia.
Comentário meu: Não festejo o Natal. A data é um dia normal como qualquer outro. Não dou nem recebo presentes. Não prepararo Ceia nem aceito convite para comemorar.
4 comentários:
artigo excelente,tenho pela data essa mwsma indiferença,como sou ligada a causa animal,precisamente aos de rua,abandonados,que sofrem maus tratos em situações de risco,sempre tenho "algum" no meu banheiro para passar a noite,este ano passei com tres fêmeas que mal conseguiam comer as quais encotrei em uma lata de lixo,meu natal e meu ano novo será cuidandando destas criaturAS ATÉ ESTAREM prontas para adoção,pois tenho 3 e moron em apartamento(os tres adotados)não consigo festejar quando lembro que tem milhões dessas criaturas vivas,inclui crianças e idosos,porém meu foco são os animais,bem menos assistidos pois as pessoas acham que por sêrem animais não sentem frio,fome,sêde,dor,emfim,sofri bastante esta semana pois sei que nesta época o abandono cresce muito.Fico feliz sei que tem muita gente que não curte,mas tem receio de falar,vamos continuar na luta por nossa candidata,estou aqui todos os dias,gosto da forma que vc coloca suas idéias,bom domimgo!
MMaestri e Glória: infelismente e-
xiste Zés-Manés e Mrias-Manés para
tudo! Essa festa de Natal é tão a-
paixonante que derruba quaisquer /
contestações,pois essa data celebra
o nascimento do FILHO DE DEUS, que
dividiu a história antes e depois /
DÊLE;um DEUS que derrubou o maior e
mais longo império da história, o /
Império Romano, sem usar uma arma
siquer! Criou uma religião que ci-
vilizou o Ocidente, criou escolas,
universidades, mosteiros, hospi-
tais, casas de repouso p/idosos, /
casas de crianças, de assistência
social, manicômios, bibliotecas,e
incentivou a criação da imprensa-
o primeiro livro editado foi a Bí-
blia e depois as obras da cultura
Greco-Romana,e mais não fêz porque
um bando de pseudo-ateístas ( na /
verdade um bando de gnósticos eso-
téricos e ocultistas) impediu! Há
muitos falsos professores de histó-
ia, tanto nas escolas de base como
nas faculdades/universidades, que /
precisam se reciclar- sugiro ler o/
notável historiador Thomas E.Woods,
de Harvad, e seus pares, e assim /
não proclamarem mais suas inverda-
des para seus alunos! Dá asco nesta
época de Natal lêr as besteiras que
limitados jornalistas, bloguistas, etc, escrevem! E, outra coisa, ma-
térias de foro intimo, que cada um
guarde para sí; ninguém precisa sa-
ber que determinado Zé Mané e/ou /
Maria Mané não acredita em DEUS,em
CRISTO, na Igreja, etc! É duro a-
creditar que o mundo está cheio de
falsos intelectuais e profissionais
liberais, que proclamam a quatro /
ventos, que são ateus, só para mos-
trarem que são cultos (cultos?!).
e, para encerrar, Feliz Natal e um
Própero Ano-Novo a todos,principal-
mente para os dito cujos Ateus!
PS;- estou comentado como ANÔNIMO,
só de preguiça de me cadastrar
no Google. Cordiais Saudações
Natal
No ano de 350, o papa Julio I convocou uma assembleia de bispos, na qual deveriam chegar a um consenso visando escolher a data do nascimento de Jesus Cristo. Depois disto, por decreto, definiu a data escolhida, que foi exatamente o dia 25 de dezembro. Mas, esta era a data na qual se comemorava a veneração ao Deus Sol, portanto uma data pagã conhecida como "férias de inverno" em homenagem a Saturno, o deus da agricultura. Adonis, Baco, Osíris, Apolo, etc., todos estes
"nasceram" em 25 de dezembro.
A escolha dessa data foi muito conveniente para a Igreja Católica Romana porque os povos pagãos já estavam acostumados com ela. Daqui resultando um sincretismo entre as mitologias existentes. Assim o referido Papa inventou oficialmente o dia do nascimento de Jesus Cristo. O papa Julio I faleceu em 12 de abril de 352.
Em 350 foi ainda o ano no qual o imperador Constante, da parte do Império Romano Ocidental foi assassinado, e depois de diversas lutas, o dois impérios Ocidental e Oriental foram reunificados, quando então passou a reinar o imperador Constâncio II, proclamado Augusto na qualidade de único imperador.
Foi com Constancio II, que os bispos da doutrina de Ário foram reabilitados e todos voltaram. Mas, nos anos seguintes, a disputa política continuou e os arianistas foram novamente excluidos, voltando a prevalecer a corrente religiosa do bispo Atanásio. Estes conflitos político-religiosos foram sempre acompanhados de confrontos, violência e mortes.
Assim prossegue a história secular da Igreja Católica Romana, e das outras que dela são derivadas, como por exemplo, o Protestantismo. As religiões são mecanismos de poder. Finalmente, o direito de acreditar ou desacreditar é o mesmo para todos. Ninguém é divino, nem tem procuração divina registrada em cartório celestial!!
Francisco Solano de Lima
João Pessoa - PB
30-12-2009
Para quem deseja se aprofundar
Nos séculos XVII, XVIII e XIX, filósofos, historiadores e pesquisadores iluministas, hegelianos e racionalistas, se dedicaram a estudar a história secular, a história das religiões, Jesus Cristo, o Cristianimo, o Catolicismo e os textos bíblicos. Entre outros nomes, cito aqui alguns estudiosos.
Focado na falta de provas históricas:
Reimarus (1694-1768), Voltaire (1694-1778), Immanuel Kant (1724-1804), Edward Evanson (1731-1805), Fichte (1762-1814), Friedrich Hegel (1770-1831), Joseph von Schelling (1775-1854), Ludwig Feuerbach (1804-1872), David Friedrich Strauss (1808-1874).
Focado na mitologia e coincidências:
Baruch Spinoza (1632-1677), François Dupuis (1742-1809), Volney (Constantin François de Chasseboeuf, 1757-1820), Robertson (1856-1933), Bruno Bauer (1809-1882), Ernest Renan (1823-1892), Albert Kalthoff (1850-1906), Reinach (1858-1932), Arthur Drews (1865-1935), Paul Louis Couchoud (1879-1959).
Como se pode ver, dentro do período citado, uma lista mínima, apenas uma parte do pessoal que trabalhou mais no campo da filosofia, da história e da teologia. Além disto, ficou faltando o pessoal da matemática, da astronomia, da biologia, da química, da física, da geologia, etc.
Francisco Solano de Lima
João Pessoa - PB
31-12-2009
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