A infantaria do tucanato emburrece o debate, rebaixa a campanha e ofende a biografia dos beneficiários
VINTE E UM ANOS depois da noite em que Mirian Cordeiro, a ex-namorada de Lula, surpreendeu o país acusando-o de ter sugerido que abortasse a criança que viria a ser sua filha Lurian, a palavra maldita voltou à agenda da sucessão presidencial. Em 1989 a questão do aborto foi fertilizada pelo comando da campanha de Fernando Collor. Desta vez, reapareceu com o mesmo formato oportunista, trazida pela infantaria do tucanato. Nos dois casos, ninguém mostrou-se interessado em discutir o assunto ao longo dos meses anteriores à eleição. O propósito, puramente eleitoral, sairá da agenda depois do dia 27. Até lá, terá emburrecido o debate, rebaixado a campanha e tisnado a biografia dos beneficiários da baixaria.
Há 19 anos tramita na Câmara um projeto que dá à mulher o direito de interromper voluntariamente uma gravidez. Em 2008, por unanimidade, ele foi rejeitado na Comissão de Seguridade Social e Família. Pelo andar da carruagem, se não morrer antes, levará anos para chegar ao plenário. Se e quando isso acontecer, caberá ao Congresso decidir.
Flertando com a transformação do aborto numa "bala de prata" eleitoral, o tucano José Serra expôs sua posição: "Nunca disse que sou contra o aborto porque eu sou a favor, ou melhor, nunca disse que sou a favor, porque sou contra". Em seguida, expôs a ferida petista: "O que está em questão nessa campanha não é ser contra ou a favor. É a mentira". O comissariado petista e Dilma Rousseff defenderam programática e pessoalmente a descriminalização do aborto.
Chegou-se a um conflito de oportunismos. O dos tucanos, que só lembraram do assunto na reta final da campanha, e o dos petistas que, na mesma reta, mudam de opinião.
Afora o oportunismo, o nível da discussão abortou a inteligência. Dilma Rousseff disse que "as mulheres ricas têm acesso a clínicas, mulheres pobres usam agulha de tricô". Propagou a lenda produzida pelo filme "Pixote", de 1981.
Mesmo há 30 anos essa prática era desprezível. Hoje, nem pensar. A forma mais comum de aborto se dá com o uso da droga Cytotec. Em tese, sua comercialização é proibida. Na prática, custa em torno de R$ 400 e pode ser comprada pela internet. Estima-se que, de cada dez abortos, sete sejam feitos com Cytotec.
Em 1990, o professor Laurence Tribe, de Harvard, publicou um livro intitulado "Aborto - O Choque de Absolutos". (Entre os seus pesquisadores estava um estudante de direito chamado Barack Obama.) Tribe mostra que o aborto divide as sociedades e, sem uma certeza religiosa, não há como sair do debate seguro de que um lado está certo e o outro, errado. O aborto não é apenas uma questão de saúde pública, como a dengue. Trata-se de um conflito entre o direito do feto à vida e o direito da mulher à liberdade de interromper sua gravidez. (Sempre até o terceiro mês da gestação.)
Em 1973, a Corte Suprema dos Estados Unidos decidiu, por sete a dois, que as mulheres têm esse direito. No mesmo dia, julgaram dois casos. Uma das mulheres abortou. A outra perdeu o prazo e concebeu uma menina. Passaram-se 37 anos, a mãe mudou de ideia e tornou-se uma militante contra o aborto. A filha defende a decisão da Corte, que teria evitado seu nascimento.
No Brasil de hoje é improvável que o Supremo Tribunal Federal reconheça o direito das mulheres de interromper a gravidez. Também é improvável que o Congresso vote uma lei nesse sentido. A candidata Marina Silva, a única a expor uma posição que faz sentido, é contra o aborto, mas remeteria a questão a um plebiscito, no qual a proposta dificilmente seria aprovada.
Sobrou o lixo: a instrumentalização do tema para satanizar adversários políticos. Collor fez isso com rara maestria.
A baixaria circula na campanha presidencial de um país onde a rede pública de saúde do estado de São Paulo mantém, desde 1986, o Programa de Atenção Integral à Adolescente. Para júbilo internacional, entre 1998 e 2008 a internação de adolescentes por conta de abortos caiu de 10 mil por ano para 8.700. Mais: a gravidez de jovens de 10 a 20 anos caiu 38%, para 94 mil. Reduziu-se à metade os casos de segunda gravidez nessa faixa de idade.
7 comentários:
O povo vai ter o governo que merece.
O Brasil conseguiu em 3 meses formar inúmeros especialistas em Medicina da mulher, especialmente em "abortologia", em 500 anos ninguém deu tanta atenção ao assunto como nesses ultimos dias. Vamos observar quantas referências ao tema vão aparecer à partir do dia 01 de novembro. Será que o brasileiro não consegue perceber que por falta de assunto o PSDB está usando toda arma que aparecer. Não adianta o Serra aparecer na TV e dizer que é contra o aborto depois que o tema virou o ponto fraco da Dilma. Esta é a última chance para o Serra conseguir a presidência, e ele tá desesperado, o sorriso amarelo está quase virando choro. Presta atenção Brasil!!!
Reta de chegada
Dona Dilma Vana Roussef deve continuar firme, enfrentando a baixaria da mídia (PIG), mas com serenidade, sem se abalar. Infernizar, satanizar é o objetivo da mídia para tentar abalar a candidata.
A candidata Dilma deve se defender com firmeza, mas sempre atenta para as armadilhas. Por mais que tenha razão, um posicionamento agressivo seria o presente que a mídia mercenária deseja obter, para depois do debate, repercurtir isto de maneira constante, para colar nela a imagem de uma mulher violenta, etc.
Dona Dilma, mulher consciente, tem plena percepção desse momento estratégico, sabe para qual platéia vai falar, sabe que a sua platéia verdadeira é o Brasil, jamais faria diferente, trata-se de uma mulher educada, preparada e experiente, portanto ela sabe medir as provocações com competência (...)!!.
Nesse segundo turno, a vitória eleitoral da candidata Dilma Rousseff, representa a vitória do povo brasileiro, e portanto, do Brasil forte, potência entre as nações do mundo!!
Finalmente, quem apoia o presidente Lula, deve necessariamente, votar em Dilma Rousseff.
Chico Barauna
10-10-2010
Reta de chegada - 2
Nesta reta final, o presidente Lula da Silva deve entrar direto e incisivo em todos os momentos da campanha. Ele é respeitado pelo povo brasileiro e deve aparecer falando direto para o povo, na qualidade de interlocutor.
No Brasil, atualmente, ninguém é mais acreditado do que ele, porque ele tem passaporte direto com o povo, trata-se do maior líder brasileiro, e nesta condição deve agir, falar e explicar a verdade para a população.
Mostrar a enorme importancia desta eleição, fazer a comparação direta entre a fase atual e o passado, "dando nome aos bois", mostrando ponto por ponto, a necessidade da vitória de dona Dilma Rousseff.
O presidente Lula deve explicar, que o adversário Serra esconde o perigo do retrocesso, a perda das conquistas do povo brasileiro, pela quais o presidente Lula tanto lutou.
Afirmar claramente que, votando em Dilma, o povo brasileito estará votando nele. Dizer com todas as letras, Serra é o candidato das elites, e que Dilma é a candidata do povo. Dizer e repetir, Dilma eu garanto, vai continuar o caminho que iniciei (...).
Concluir comparando, Se você acha que a gente melhorou o Brasil, vote em Dilma. Assim, simples, direto e verdadeiro. Isto ninguém sabe fazer melhor do que ele. O presidente deve comparar e comparar (...) !!
Estamos na fase final, sem tempo para análises de detalhes, isto fica para depois, portanto, sejamos objetivos e diretos, nada de arrodeios !!
Chico Barauna
10-10-2010
Quero aqui parabenizar a DILMA PRESIDENTE que foi prá cima do arrogante mentiroso e desmascarou-o ao vivo e em cores no debate da Band.Vibrei inúmeras vezes diante da televisão acompanhando as perguntas e respostas dessa GRANDE MULHER que não se intimidou com o ‘malaco’ político profissional.O tom do debate foi delimitado pela investida da nossa candidata que não permitiu momento sequer que o Zémentiroso defendesse a própria esposa.Vi que engoliu em seco diversas vezes o que tem demonstrado falta de segurança nas respostas desse representate dos tukanalhas.Dá-lhe DILMA!
Assertiva
Ciro Gomes disse que José Serra, numa campanha, é garantia de baixaria. E disse ainda, Serra não tem escrúpulos e que, se necessário, passa com um trator por cima da mãe. [Ciro Gomes, deputado federal (PSB-CE)].
O deputado Ciro Gomes, em três linhas resumiu tudo, falou e disse, curto e grosso, sem deixar qualquer dúvida !!!
Chico Barauna
13-10-2010
Assertiva
Ciro Gomes disse que José Serra, numa campanha, é garantia de baixaria. E disse ainda, Serra não tem escrúpulos e que, se necessário, passa com um trator por cima da mãe. [Ciro Gomes, deputado federal (PSB-CE)].
O deputado Ciro Gomes, em três linhas resumiu tudo, falou e disse, curto e grosso, sem deixar qualquer dúvida !!!
Chico Barauna
13-10-2010
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