21 junho 2010

Brasil vence a Costa do Marfim com beleza, coices dos africanos e um juiz banana

Vitória maiúscula do Brasil, 3 a 1 sob pancadaria da Costa do Marfim. Poderia ser melhor não fosse o árbitro francês Lannoy um frouxo. Mesmo com instantes de desconcentração, bem a Seleção no segundo tempo. Já nas oitavas de final e mostrando as armas que tem para brigar pelas finais, como os belos gols. Leia mais


Bob Fernandes Direto de Johannesburgo

Soccer City lotado. Brasil e Costa do Marfim no túnel de acesso ao gramado. Gilberto Silva, Lúcio, Michel Bastos… jogadores da seleção cumprimentam Kalou, Tiené, Touré, companheiros na Europa.

Zetti, goleiro campeão do mundo, recordava sábado, em conversa na Cidade do Cabo:
- Na boca do túnel, na hora de entrar em campo, é terrível. Ficam todos juntos, se encaram, é um jogo psicológico…

Zetti conta sobre o túnel na final da Copa em 94; o primeiro round da partida, brasileiros e italianos a se encarar, medir força mental. Como no boxe, ali um jogo pode começar a ser vencido ou perdido.

Bola rolando. O Brasil de meias azuis. A Costa do Marfim de camisa zebrada, toc, toc, toc, em verde e branco. Robinho aos 45 segundos, contra-ataque, Luis Fabiano aberto pela esquerda. Robinho bate direto. Luis não gosta.

Kaká cercado por três, ninguém chega, ele cai. Dez minutos de instabilidade e desorganização. Muito espaço entre ataque, meio-campo e o lado esquerdo da defesa do Brasil. Robinho, de esquerda, da entrada da área, isola.

Felipe Melo, aos 21’, desarma bem pela segunda vez, mostra estar ligado. Muitos querem Felipe fora do time, mas, como na primeira partida, ele não tem sido problema, ao contrário.

Troca de passes. Parênteses. Triangulação que Dunga tem ensaiado à exaustão nos treinos. Robinho para Luis Fabiano, que toca de calcanhar para Kaká, a um só tempo Kaká divide, dribla e toca para Luis Fabiano… a multidão se levanta no Soccer City, Luis Fabiano invade pela direita e… se livra da inhaca, das seis partidas sem gols, fuzila no ângulo esquerdo de Barry.

Um a zero. As vuvuzelas enlouquecem.

Siaka Tiené pega Elano, terceira entrada pesada dos africanos. Dunga, quase na frente do árbitro francês Lannoy, sapateia, sacode os braços. Amarelo para Tiené.

Os 11 da Costa do Marfim atrás do círculo do meio-campo entre 30’ e os 35’, Drogba chama o time. O Brasil deixa escapar três bolas, três contra-ataques seguidos. A Jabulani é arisca, nova, pede muito carinho e dengo.

Felipe desarma, bem de novo, lá na esquerda. Robinho não volta, Michel Bastos sozinho em vasto território, triangulações constantes por ali.

Fim do primeiro ato.

Segundo ato.

Luxo, beleza e história aos 5’.

Julio Cesar bate o tiro de meta, busca Luis Fabiano. O 9 do Brasil escora o zagueiro no alto, acompanha a queda da bola, toca-a ligeiramente com o braço e dá o primeiro chapéu, em Zokora….

Ooohhh, acompanha a multidão. A bola desce e Luis Fabiano executa o segundo chapéu, em Kolo Touré, ajeita a bola novamente com o braço… o Soccer City já esta de pé… Luis Fabiano chicoteia de pé esquerdo e entra para a história das Copas do Mundo e seus mais belos gols. Belo e polêmico.

Drogba, quase de cabeça, aos 8’. Trança na área, Kaká por pouco não faz o terceiro aos 16’. O Brasil gira a bola… Kaká pela esquerda aos 17’, dribla Kolo Touré e toca fraco para o meio da área, Elano, de pé esquerdo, o terceiro gol do Brasil.

Elano divide, Tioté deixa a sola, todas as travas da chuteira. Lannoy, um árbitro frouxo, apenas assiste. Elano deixa o campo, entra Daniel Alves.

Drogba invade a área, Lúcio se recupera e toca para escanteio. Duas buzinas infernais de brasileiros ecoam pelo estádio, a torcida do Brasil sacode as mãos, seca o escanteio da Costa do Marfim. A torcida sul-africana gosta da cena, encena junto.

Keita deixa a sola para Michel Bastos e Monsieur Lannoy deixa barato, só amarela. Kaká se desentende com Yaya Touré, Lannoy chega junto, os rapazes lembram que se conhecem, trocam apertos de mão.

Robinho e Daniel trocam passes, calcanhar na bola, o Soccer City brinda com um OOOOOOOOHHHHH o mais legítimo futebol brasileiro.

Contra-ataque, Juan alcança Gervinho e corta, a bola volta para Yaya Touré. Na intermediária do Brasil, ele levanta a cabeça e vê Drogba entrando em diagonal. Lança e Drogba, de cabeça, no canto esquerdo de Julio Cesar. Vuvuzelas enxameiam.

Daniel Alves erra o terceiro passe seguido… Daniel desperdiça um contra-ataque, entrou frio, não teve tempo para se aquecer, está desconectado.

Outra dividida pesada, Michel Bastos revida, Kaká bate boca, Lannoy interrompe o jogo. Dunga chega junto de Michel Bastos, funga no cangote, bem no cangote, imagino o que deve ter dito…

Kaká é atropelado por Keita, que se joga no chão, aos 43’. Stephane Lannoy, o banana francês que deixou a pancadaria africana comer solta, expulsa Kaká. Coice em Luis Fabiano e Lannoy, o banana, nada.

Fim do segundo ato.

Vitória maiúscula, poderia ser melhor não fosse Lannoy um frouxo. Mesmo com instantes de desconcentração, bem o Brasil no segundo tempo. Já nas oitavas de final e mostrando as armas que tem para brigar pelas finais. As de sempre do Tempo Dunga, tempo que à maneira do treinador deu três títulos à seleção.

Felipe Melo, perdoem-se os que dele não gostam, foi bem de novo. Kaká, grande jogada no primeiro e terceiro gols, expulso e fora do jogo contra Portugal, começa a subir a ladeira, e essa é uma boa notícia.

Luis Fabiano, com a chapelaria no segundo gol –e toques de mão que ele diz terem sido “involuntários, uma mãozinha de Deus”- grava seu nome na história das Copas.

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