25 janeiro 2010

Shirin Ebadi, Nobel da Paz iraniana é muito engraçada



"Segundo o Estadão, Shirin Ebadi tem um recado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Diga a ele que não deveria fazer amizade com governos criminosos."

O apelo é de uma Nobel da Paz e ela se refere à aproximação do Brasil com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, selada por sua visita oficial ao País, em novembro, que deve ser reforçada com a ida de Lula ao Irã, agendada para junho."


Acabo de ler a autobiografia de Shirin Ebadi (foto do livro). Resumo da vida da Shirin (de cabeça). Com 22 anos tornou-se juíza. Com a tomada do poder pelos religiosos radicais e a criação do Estado Teocrático Iraniano, perdeu o trabalho. Depois de 15 anos (últimos realizando tarefas burocráticas) aposentou-se. O Estado do Irã permite aos funcionários públicos se aposentarem com 15 anos de trabalho (não riam, por favor). Recomeçou na vida pública defendendo os despossuídos. Angariou fama. Ao receber o Prêmio Nobel da Paz, se apresentou sem o maldito pano na cabeça.

Agora o porquê de eu achar a Shirin engraçada.

A primeria coisa que me chamou a atenção ao ler sua autobiografia foi o fato dela criticar tanto o veu negro sobre a cabeça, mas aparecer na foto da capa do livro com o maldito.

Ela conta que lutou para que os amigos iranianos não abandonassem o 'barco' em busca de melhores condições de vida para seus filhos no exterior.

Ela achava que a luta devia ser travada de dentro do sistema.

Tem uma passagem no livro em que, defendendo o direito da mulher permanecer com a guarda dos filhos, em caso de separação, ela, para não criticar o regime, diz que o Alcorão é sagrado, mas que não existia dentro dos trabalhos feitos pelos maiores shariistas (Sharia - lei estúpida que rege a maioria dos países muçulmanos e que foi escrita há 1300 anos) nada que condenasse a mulher à perda dos filhos.

Não quero dizer com isso que ela no livro apoie o estado teocrático. Ela afirma peremptoriamente ser a favor da separação do Estado e da Religião. Eu quero mostrar que ela usou a diplomacia como tática, evitando assim a confrontação com os donos do poder - os homens em geral e os religiosos em particular.

Se ela acha que a melhor forma de derrotar a teocracia e a sharia (lei estúpida) seja permanecendo dentro do sistema, eu pergunto: o que difere a luta dela da do Lula, que acha que o mundo não deve isolar o Irã mas dialogar com seus representantes? Como o Lula diz, o isolamento de países e regimes só leva a mais violência.

Um comentário:

Andre Lucato disse...

Excelente post!
Glória, você faz uma análise que está a anos-luz da reportagem de um dos nossos maiores jornais!
Juntando sua postagem, com essa do esquerdopata ( http://esquerdopata.blogspot.com/2010/01/midia-reconhece-seu-papel-golpista.html ), começo minha semana com o bom-humor de quem SABE que a verdade se faz cada vez mais presente, por causa da blogosfera.