Entrevista: Mirra Banchón
Depois de passar pelo Brasil, o presidente iraniano Ahmadinejad seguiu sua viagem à América Latina por Bolívia e Venezuela. Deutsche Welle conversou a respeito com Wolfgang Kreissl-Dörfler, do Parlamento Europeu.
Depois de visitar o Brasil e a Bolívia, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chega à Venezuela, última parada de sua viagem à América Latina. Além de acordos bilaterais comerciais e de cooperação, o líder iraniano obteve o respaldo do governo brasileiro ao controverso programa nuclear de seu país. O presidente boliviano, Evo Morales, salientou ainda as "enormes semelhanças entre ambos os países".
Mas o que busca o Irã na América Latina? A esse respeito, a Deutsche Welle conversou com Wolfgang Kreissl-Dörfler, membro do Parlamento Europeu, que, como integrante de diversas delegações, vem acompanhando as relações entre a América Latina e a União Europeia (UE) desde 1994.
Deutsche Welle: O Irã tem direito a seu programa nuclear, disse o presidente Lula. Como a Europa vê o apoio brasileiro ao controverso programa de Teerã?
Wolfgang Kreissel-Dörfler: Com sentimentos mistos. Por um lado, todo país tem direito a usar a energia nuclear para fins pacíficos, quanto a isso Lula tem toda razão. Por outro lado, é preciso questionar por que Lula se encontrou justamente com Ahmadinejad. Lula defende a postura de que é preciso integrar os Estados, e não isolá-los. É o que faz com Hugo Chávez na Venezuela. E é evidente que Lula pretende conseguir para o Brasil uma posição de global player.
O Brasil almeja uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas e quer servir de mediador do conflito no Oriente Médio. Ao se relacionar com o Irã, Lula não põe em risco sua imagem internacional?
Não, não põe em risco. No entanto, os próximos passos de Lula serão decisivos. Caso se aproxime demais do Irã, estará arriscando sua boa fama e a imagem do Brasil. Mas a esse ponto ainda não chegamos e não creio que, conhecendo Lula como conheço, ele o fará. O presidente é da opinião de que o Brasil – como a quinta maior nação do mundo e um dos principais protagonistas globais – deve participar de decisões internacionais.
Também tem razão quando diz que a Alemanha e outros países têm excelentes relações comerciais com Teerã, só não as tornam oficiais. Então por que não negociar com Ahmadinejad e até chegar a exercer influência no Oriente Médio? No entanto, é preciso salientar que se trata de uma mudança de direção, com a qual é preciso ter cuidado.
A América Latina é estrategicamente importante para o Irã, na opinião de diversos especialistas. Depois do Brasil, Ahmadinejad viajou à Bolívia e à Venezuela. O que busca o Irã na região?
O Irã quer naturalmente ganhar reconhecimento internacional. Ahmadinejad se sente isolado em muitos aspectos e precisa pontuar nas relações internacionais, também com vista à sua política interna. Mas não se deve perder de vista que – em minha opinião – o Irã não é uma democracia. Basta ver as últimas eleições. Ou seja, aproximar-se demais do Irã não é muito conveniente, mas isolá-lo completamente tampouco é aconselhável. O Irã tenta melhorar sua imagem internacionalmente, mas duvido que o consiga em companhia de Hugo Chávez.
Ao relacionar-se com Brasil, Venezuela e Bolívia, o Irã perde presença e terreno na União Europeia?
Não creio. Pois as relações de longo prazo, as mais valiosas, serão com a União Europeia.
Depois de passar pelo Brasil, o presidente iraniano Ahmadinejad seguiu sua viagem à América Latina por Bolívia e Venezuela. Deutsche Welle conversou a respeito com Wolfgang Kreissl-Dörfler, do Parlamento Europeu.
Depois de visitar o Brasil e a Bolívia, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chega à Venezuela, última parada de sua viagem à América Latina. Além de acordos bilaterais comerciais e de cooperação, o líder iraniano obteve o respaldo do governo brasileiro ao controverso programa nuclear de seu país. O presidente boliviano, Evo Morales, salientou ainda as "enormes semelhanças entre ambos os países".
Mas o que busca o Irã na América Latina? A esse respeito, a Deutsche Welle conversou com Wolfgang Kreissl-Dörfler, membro do Parlamento Europeu, que, como integrante de diversas delegações, vem acompanhando as relações entre a América Latina e a União Europeia (UE) desde 1994.
Deutsche Welle: O Irã tem direito a seu programa nuclear, disse o presidente Lula. Como a Europa vê o apoio brasileiro ao controverso programa de Teerã?
Wolfgang Kreissel-Dörfler: Com sentimentos mistos. Por um lado, todo país tem direito a usar a energia nuclear para fins pacíficos, quanto a isso Lula tem toda razão. Por outro lado, é preciso questionar por que Lula se encontrou justamente com Ahmadinejad. Lula defende a postura de que é preciso integrar os Estados, e não isolá-los. É o que faz com Hugo Chávez na Venezuela. E é evidente que Lula pretende conseguir para o Brasil uma posição de global player.
O Brasil almeja uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas e quer servir de mediador do conflito no Oriente Médio. Ao se relacionar com o Irã, Lula não põe em risco sua imagem internacional?
Não, não põe em risco. No entanto, os próximos passos de Lula serão decisivos. Caso se aproxime demais do Irã, estará arriscando sua boa fama e a imagem do Brasil. Mas a esse ponto ainda não chegamos e não creio que, conhecendo Lula como conheço, ele o fará. O presidente é da opinião de que o Brasil – como a quinta maior nação do mundo e um dos principais protagonistas globais – deve participar de decisões internacionais.
Também tem razão quando diz que a Alemanha e outros países têm excelentes relações comerciais com Teerã, só não as tornam oficiais. Então por que não negociar com Ahmadinejad e até chegar a exercer influência no Oriente Médio? No entanto, é preciso salientar que se trata de uma mudança de direção, com a qual é preciso ter cuidado.
A América Latina é estrategicamente importante para o Irã, na opinião de diversos especialistas. Depois do Brasil, Ahmadinejad viajou à Bolívia e à Venezuela. O que busca o Irã na região?
O Irã quer naturalmente ganhar reconhecimento internacional. Ahmadinejad se sente isolado em muitos aspectos e precisa pontuar nas relações internacionais, também com vista à sua política interna. Mas não se deve perder de vista que – em minha opinião – o Irã não é uma democracia. Basta ver as últimas eleições. Ou seja, aproximar-se demais do Irã não é muito conveniente, mas isolá-lo completamente tampouco é aconselhável. O Irã tenta melhorar sua imagem internacionalmente, mas duvido que o consiga em companhia de Hugo Chávez.
Ao relacionar-se com Brasil, Venezuela e Bolívia, o Irã perde presença e terreno na União Europeia?
Não creio. Pois as relações de longo prazo, as mais valiosas, serão com a União Europeia.
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