17 dezembro 2008

Washington foi 'desprezado' em cúpulas na Bahia, diz 'NYT'

Washington foi desprezado na cúpula do Brasil, diz o jornal americano New York Times em sua edição de quarta-feira, em uma reportagem sobre os múltiplos encontros regionais desta semana na Costa do Sauípe.

É a primeira vez que representantes de todos os países da América Latina e Caribe se reúnem sem a presença dos Estados Unidos ou de países europeus. Além disso, as quatro cúpulas (América Latina e Caribe, Mercosul, Unasul e Grupo do Rio) marcam a volta de Cuba aos encontros regionais, representada pelo presidente Raul Castro.

“Os líderes latino-americanos deram mais um passo para longe das décadas de órbita em torno dos Estados Unidos”, diz o NYT, “e no processo de reunir os líderes de 31 países, o Brasil, mais uma vez, mostrou suas credenciais como líder indisputável da América Latina”.

Segundo o jornal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “um aliado dos Estados Unidos”, não impediu que os outros líderes comemorassem a entrada de Cuba no Grupo do Rio, nem que eles atacassem os Estados Unidos e Europa por seu papel em “causar a crise econômica global”.

“Os Estados Unidos viraram saco de pancadas durante a conferência de três dias, que se encerra na quarta-feira, neste paraíso turístico no Estado da Bahia”, diz a reportagem.

“Castro não estava sozinho nos ataques aos Estados Unidos e ao que ele chamou de seu modelo ‘neo-liberalista’ para a crise do crédito, que está afetando muitas outras economias.”

Analistas entrevistados pelo NYT afirmam que a ausência dos Estados Unidos e da Europa não foi por acaso, e que com as reuniões o Brasil demonstrou enorme poder de unir a região.

“Com a ascensão da China a principal destino de exportação e a visita do presidente russo Dmitri A. Medvedev para cortejar os líderes latino-americanos, há lembretes mais freqüentes de que os Estados Unidos estão se tornando um jogador mais distante nos assuntos da região, afirma Riordan Roett, diretor do programa de Estudos Latino Americanos da John Hopkins University.”

Segundo Roett no NYT, “os Estados Unidos não são mais e nem vão ser de novo o maior interlocutor dos países na região”.

Fonte: BBC

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