04 julho 2006

A seleção dos esquecidos e a cultura do dinheiro

Márcia Denser

Acredito que agora, depois de 1º de julho de 2006, ficou claro para milhões de brasileiros o que significa colocar os interesses pessoais, monetários e egotistas acima de valores simbólicos tais como futebol-arte, coragem, amor à pátria, honra, orgulho ou dignidade. O efeito imediato de tal atitude foi dissolver e frustrar a esperança e a ilusão coletivas, bem como trair uma das mais caras tradições de todo o país, em escala sem precedentes.

Porque nossa seleção entregou o jogo, não é mesmo? E futebol é um esporte de equipe, mas uma equipe não é a mera soma de valores individuais, antes exige a integração harmoniosa do todo como condição sine qua non para fazer valer o talento pessoal.

Porque esta fica para a história como a seleção dos esquecidos.

Individualmente, nossos craques são os melhores do mundo. E, individualmente, ricos e famosos demais para se arriscar em nome da pátria cujas tradições e instituições também já não respeitam, principalmente quando manifestam, publicamente via satélite, que seu presidente "bebe pra caramba", demonstrando burrice, preconceito e ausência de auto-respeito enquanto cidadão brasileiro. Porque não se trata de ser Lula, dum presidente eleito legitimamente por 50 milhões de brasileiros, mas da presidência em si como instituição etc.: será que é preciso ficar explicando isso como se o mundo inteiro fosse débil mental?

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