24 abril 2013

Kerry: golpista e defasado



  Mário Augusto Jakobskind

 O Secretário de Estado norte-americano John Kerry acredita que o continente latino-americano ainda vive em tempo passado quando sucessivos governos estadunidenses decretavam a derrubada de presidentes constitucionais e apoiavam ditaduras, como aconteceu no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e assim sucessivamente.

 Defasado no tempo e no espaço, Kerry disse, em depoimento no Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara de Representantes, que a Améria Latina é “nosso pátio traseiro e temos de que nos aproximar de forma vigorosa”. Ele exortou o governo de Barack Obama a fazer um esforço especial com os países latino-americanos.

Kerry simplesmente ignora que hoje os tempos são outros e no continente latino-aemericano existem governos independentes que zelam por sua soberania, não aceitando injunções como as defendidas pelo Secretário de Estado norte-americano.

Kerry fez o jogo do oposicionista venezuelano Henrique Capriles ao afirmar que o governo Obama não reconheceria o triunfo de Nicolás Maduro. Na prática apoiou um golpe contra a ordem constitucional sob o pretexto de denúncias sobre suposta fraude no pleito presidencial do último dia 14 de abril .

Observadores internacionais, inclusive do Centro Jimmy Carter, negaram as denúncias. A UNASUR (União das Nações Sul Americanas), reunida extraordinariamente para analisar os acontecimentos na Venezuela, e a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe) exortaram a oposição a respeitar a legalidade e assim sucessivamente.

Mesmo com o apoio de Kerry, o candidato derrotado Henrique Capriles acabou baixando a crista golpista diante das manifestações da Unasur e Celac. Capriles foi o responsável pela violência que resultou em oito mortes e centenas de feridos.

Como prova de que o Estado venezuelano quer acabar de uma vez por todas com as acusações sem provas apresentadas por Capriles, ficou decidido que o Conselho Nacional Eleitoral vai auditar, em um prazo de 30 dias, todos os votos (já tinham sido 46%).

De qualquer forma, tanto a Unasur como a Celac e os governos latino-americanos de um modo geral não podem baixar a guarda, porque os golpistas de todas as matizes são capazes de continuar em suas investidas. O alvo principal continuará sendo a Revolução Bolivariana.

Os colunistas de sempre apresentam a Venezuela em total descalabro econômico, como se o país estivesse beirando o caos. Esta gente entende que o “bom” em economia é a execução do projeto neoliberal com o enfraquecimento do Estado. E no caso da Venezuela, a “normalidade” acontece quando a burguesia venezuelana nos fins de semana se diverte e faz compras de toda espécie em Miami. E quando o dinheiro do petróleo, antes da acensão de Chávez, ia para as mãos de poucos milionários e corruptos.

Maduro é o presidente que governará a Venezuela até 2019. Ao tomar posse se disse disposto a conversar com todo mundo, até mesmo com o “novo Carmona”, em alusão ao empresário golpista de 2002 e ao atual Henrique Capriles.

Maduro terá dificuldades a enfrentar, sem dúvida, como Hugo Chávez, porque a Revolução Bolivariana contraria interesses de segmentos que aproveitavam as benesses do Estado em detrimento da maioria da população. Como isso acabou e a maioria da população não quer a volta desses tempos, os golpistas da Venezuela tentam de tudo, mas quando se apresentam na disputa eleitoral não têm coragem de dizer o que fariam se eleitos. Usam até uma linguagem reformista, como fez Capriles, para iludir eventuais incautos. Se falasse mesmo a verdade, seria repudiado avassaladoramente.

Panorama francês – A badalada diretora do FMI (Fundo Montetário Internacional), Christine Lagarde, terá de comparecer a um tribunal de justiça francês, no próximo dia 23 de maio, para responder a denúncia de corrupção quando ocupava o cargo de Ministra da Economia e Finanças.

A Justiça francesa quer esclarecer a dúvida segundo a qual Lagarde teria favorecido com o pagamento ilegal de uma indenização milionaria a Bernard Tapie, o empresario multimilionário aliado do ex-presidente Nicolás Sarkozy. Tapie foi então indenizado pelo Estado francês com a quantia de 403 milhões de euros. A Justiça quer saber se houve alguma odem de Sarkozy, cumprida por Lagarde, determinando o pagamento.

Por falar em Sarkozy, a Procuradoria de Paris abriu uma investigação judicial para determinar se o ex-presidente, de 2007 a 2012, Nicolás Sarkozy, recebeu dinheiro do ex-governante líbio Muamar Khadafi na campanha que acabou elegendo o dirigente conservador francês.

Sarkozy nega a acusação. Há também a denúncia segundo a qual Khadafi teria sido assassinado pelo serviço secreto francês por ordem de Sarkozy. O então dirigente líbio estava preso e seria conduzido para um local onde ficaria sob custódia e poderia depor. Antes disso, Khadafi acabou linchado e teria recebido um tiro de misericórdia de um agente francês, para evitar que eventualmente confirmasse o apoio financeiro na campanha de Sarkozy. Este, claro, sempre negou o fato.

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