29 janeiro 2012

Tolerância social zero

Kennedy Alencar – na Folha

A vocação do PSDB para se distanciar do povo parece não ter limite. No seu partido, os tucanos paulistas são os campeões de insensibilidade social.

FHC chegou aonde chegou porque resolveu um problema concreto do povo: a alta inflação. Os mais pobres eram os que mais sofriam. O reconhecimento aconteceu em duas eleições presidenciais vencidas no primeiro turno.

No governo, porém, FHC deu espaço tímido aos que lhe pediam programas sociais mais amplos, como Vilmar Faria e Ruth Cardoso. Com muito esforço, nasceram programas de assistência social que se tornaram o embrião do projeto que seria massificado na gestão Luiz Inácio Lula da Silva.

Faz pouco tempo que o PSDB e seus aliados tradicionais abandonaram o discurso contra o Bolsa Família. Os tucanos entenderam que valia muito mais a pena brigar pela paternidade de programas sociais hoje elogiados no mundo inteiro.

O governo de São Paulo tem entendido bons resultados na segurança pública como uma aval para praticar a tolerância social zero. Na administração do cordial Geraldo Alckmin, houve violência policial exagerada contra estudantes, ação desastrada da PM na cracolândia paulistana, dirigente da CDHU culpando moradores pelos defeitos de habitações populares e um atentado contra os direitos humanos no Pinheirinho.

Não são casos isolados. Refletem uma visão conservadora, de direita, que enxerga a questão social como caso de polícia. O Brasil até precisa de uma partido de direita, desde que não seja uma direita obscurantista, golpista e autoritária como tivemos antes e durante a ditadura militar de 1964. Para ser uma alternativa de poder competitiva, o PSDB precisa de um banho de povo.

Para quem tem praticado a tolerância social zero, a visita do governador Alckmin ao ex-presidente Lula veio bem a calhar. *

O maior problema do Brasil

A desocupação do Pinheirinho é um desses casos que fazem a gente ficar desanimado com o Brasil. Desde a redemocratização, em 1985, o país vem avançando em muitas áreas. Mas ainda persistem muitos problemas.

O episódio Pinheirinho nos lembra que a desigualdade social continua a ser o nosso maior problema. De longe, supera a má qualidade da educação, a carência de bons serviços de saúde e a violência nos grandes centros urbanos.

É hipócrita tratar a desocupação de Pinheirinho como um questão de obediência e respeito à lei. Houve ali uma clara violação dos direitos humanos pela Justiça e pelo governo paulista.


Detalhes (comentário enviado por José Cirilo - 29.01.2012)

Nesse texto, o jornalista Kennedy Alencar esqueceu de mostra para o leitor alguns detalhes, vejamos alguns passos:

1 - No Brasil, mostrar quem faz parte dessa direita democrática e bem comportada que o jornalista imagina existir.

2 - Lembrar que o nome correto é golpe civil-militar de 1964. Lembrar também que a "direita golpista e autoritária" existiu antes, durante e depois da ditadura militar.

3 - Essa direita golpista continua a existir por todo o território brasileiro, apenas o carro-chefe é a locomotiva paulista, atualmente governada pelo consórcio PSDB-PDS-PPS-DEM-PIG.

4 - Pinheirinho é um caso para se ficar indignado com a elite tucana que governa São Paulo. Ficar desanimado (prefiro revoltado) com os promotores dessa agressão, os tucanos paulistas, e mais ninguém.

Portanto, desanimado com a direita paulista. O ataque contra Pinheirinho foi um choque de gestão, idealizado, gerido e executado por São Paulo. Se tiver alguma dúvida, basta perguntar a juíza Mathey.


Um comentário:

Anônimo disse...

Detalhes

Nesse texto, o jornalista Kennedy Alencar esqueceu de mostra para o leitor alguns detalhes, vejamos alguns passos:

1 - No Brasil, mostrar quem faz parte dessa direita democrática e bem comportada que o jornalista imagina existir.

2 - Lembrar que o nome correto é golpe civil-militar de 1964. Lembrar também que a "direita golpista e autoritária" existiu antes, durante e depois da ditadura militar.

3 - Essa direita golpista continua a existir por todo o território brasileiro, apenas o carro-chefe é a locomotiva paulista, atualmente governada pelo consórcio PSDB-PDS-PPS-DEM-PIG.

4 - Pinheirinho é um caso para se ficar indignado com a elite tucana que governa São Paulo. Ficar desanimado (prefiro revoltado) com os promotores dessa agressão, os tucanos paulistas, e mais ninguém.

Portanto, desanimado com a direita paulista. O ataque contra Pinheirinho foi um choque de gestão, idealizado, gerido e executado por São Paulo. Se tiver alguma dúvida, basta perguntar a juíza Mathey.

José Cirilo
29-01-2012