BRASÍLIA, 19 Jan (Reuters) - Sob crescente pressão internacional por conta de seu programa nuclear, o Irã considera que as relações diplomáticas com o Brasil seguiram positivas depois que Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República.
Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh Yazdi, afirmou que é natural que Dilma desse mais atenção aos temas internos no começo da gestão e rejeitou a hipótese de que a relação entre os dois países tenha esfriado após a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar disso, ele afirmou que não vê no atual momento de tensão internacional possibilidades para que o Brasil participe de uma tentativa de mediação para um novo acordo na área nuclear, como fez em 2010. Os EUA e vários países europeus suspeitam que o Irã esteja tentando desenvolver armas nucleares, algo que Teerã nega.
"Nesse processo (de negociação) qualquer país do mundo que queira ajudar... será bem-vindo. Da última vez sabemos que o Brasil trouxe uma mensagem dos Estados Unidos da América e com boa vontade. E nesse momento não sei. Não sei como o Brasil participará", afirmou.
Yazdi, que está deixando o posto nos próximos dias e retornando a Teerã, participou das negociações entre Brasil, Turquia e o Irã em 2010, quando o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, aceitou um acordo para o envio de parte de seu urânio ao exterior em troca de combustível nuclear.
Na época, Lula foi a Teerã negociar a assinatura do documento e acreditava que teria apoio dos Estados Unidos e dos países do Ocidente caso firmasse o acordo com o Irã.
Contudo, as grandes potências permaneceram céticas e semanas após o anúncio festivo dos três países o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aplicou uma nova rodada de sanções à República Islâmica.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse à Reuters nesta quinta-feira que a participação do Brasil nas negociações de 2010 foi uma tentativa de mediação que "ficarão registradas nos livros de história" e deu a entender que o país não se envolverá novamente de forma direta no curto prazo.
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