Em mensagem de voz no celular do editor-chefe do jornal "Bild", Christian Wulff teria ameaçado com "ações judiciais" caso fosse divulgada informação sobre empréstimo concedido por um amigo empresário.
Há 20 dias enfrentando denúncias de favorecimento ilícito, o presidente da Alemanha, Christian Wulff, agora é acusado de tentar coibir a liberdade de imprensa. Nesta segunda-feira (02/01) o jornal Bild, de maior circulação no país, confirmou que Wulff deixou uma mensagem de voz na caixa eletrônica do celular de seu editor-chefe, Kai Diekmann, ameaçando cortar relações com o periódico, sobre o qual recairiam "ações legais" caso decidisse publicar detalhes sobre um empréstimo recebido de um amigo empresário.
A informação sobre o "recado" de Wulff ao Bild havia sido divulgada no fim de semana por dois grandes jornais alemães – o Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung e o Süddeutsche Zeitung. "O presidente mostrou-se indignado com a apuração sobre o crédito imobiliário e ameaçou o jornalista responsável, entre outras coisas, com consequências judiciais", publicou o periódico, destacando ainda que Wulff teria dito que o jornal foi longe demais, ultrapassando 'os limites'".
Ainda segundo o jornal, o chefe de Estado da Alemanha teria tentado a intervenção do presidente do conselho da editora Axel Springer, grupo ao qual pertence o Bild, Mathias Döpfner. No entanto, Döpfner teria dito objetivamente que a editora não intervém no conteúdo do periódico.
A mensagem no celular de Diekmann teria sido gravada no dia 12 de dezembro, quando Wulff fazia uma visita oficial ao Golfo Pérsico. Dois dias mais tarde, em conversa com o jornalista, o presidente teria lamentado o tom da mensagem. Na edição de 13 de dezembro, o Bild havia publicado que Wulff omitiu um empréstimo no valor de 500 mil euros recebido em 2008 da esposa do amigo e empresário Egon Geerkens.
Wulff não se manifestou sobre as acusações de ameaça a Diekmann. Ele ainda tenta justificar o empréstimo para a compra de sua casa quando ainda era governador do estado da Baixa Saxônia.
Wulff também ainda não respondeu às acusações de que teria sido favorecido por um banco do estado de Baden-Württemberg, que lhe concedeu um empréstimo a juros mais baixos do que os de mercado para pagar o financiamento recebido de Geerkens. Até agora, o gabinete presidencial limitou-se apenas a garantir que Christian Wulff "valoriza a liberdade de imprensa" e que não comenta mensagens ou conversas particulares feitas pelo presidente por telefone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário