16 maio 2011

Essa história com o diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn está me parecendo golpe

Prisão do chefe do FMI é complô, dizem socialistas franceses


A direita responde que a França foi humilhada. Strauss-Kahn (à esq.) pode dar adeus à candidatura à presidência. John Lipsky o substitui na entidade

Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – Depois da propagação do escândalo envolvendo o chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, a França pede prudência. O francês foi preso no sábado 14 no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, sob acusação de abuso sexual em uma camareira de um hotel na Times Square. Ele foi retirado do avião da Air France minutos antes de decolar por autoridades americanas e agora segue detido em Manhattan na unidade de vítimas especiais. Quando o homem em questão é um dos nomes mais cotados da esquerda para concorrer à presidência da França nas eleições de 2012, as reações se multiplicam. Anne Sinclair, esposa de DSK, afirmou hoje em um comunicado não acreditar um só instante nas acusações contra seu marido. A vice-presidente do conselho regional de Ile-de-France Michelle Sabban, vai mais além e se diz convencida de que o socialista foi vítima de um complô internacional. “Queriam decapitar o FMI e não o candidato francês à presidência. Trata-se do homem mais poderoso depois de Barack Obama. Essa é uma nova forma de atentado político”, disse.

O clima geral no Partido Socialista é de estupefação e solidariedade. Um de seus fiéis escudeiros, o deputado do PS de Paris Jean-Marie Le Guen, garantiu que esse caso não se parece em nada com DSK. “Não podemos tirar nenhuma conclusão até ele se exprimir”, disse ele se referindo a um choque terrível. Outro deputado strauss-kahniano, Jean-Christophe Cambadélis, afirmou em seu blog não querer e nem poder fazer qualquer julgamento apressadamente. A primeira secretária do PS, Martine Aubry, pede aos socialistas que se mantenham unidos nesse momento delicado. “Desde ontem, as notícias chegam de Nova York como um trovão. Peço a todos para aguardarem e assegurarem a decência necessária.”

Por sua parte, o presidente Nicolas Sarkozy, principal adversário de DSK, se absteve de qualquer comentário pejorativo. “A posição do governo francês é a de respeitar dois princípios básicos : o de um processo judicial em andamento sob a autoridade da Justiça americana e o respeito à presunção de inocência”, divulgou o porta-voz François Baroin. Já Bernard Debré, deputado da UMP de Paris, qualificou DSK como um homem pouco recomendável. “É humilhante para a França ter um homem como ele que se chafurda no sexo há muito tempo”, afirmou, concluindo que a corrida pela presidência terminou para ele. Não é a primeira vez que o nome de DSK é envolvido em escândalos sexuais. Em 2008, ele foi acusado de um evolvimento com uma funcionária do departamento africano do FMI, Piroska Nagy. Em seguida a subordinada ingressou no Banco Europeu para Reconstrução de Desenvolvimento. Strauss-Kahn pediu desculpas pelo “erro no julgamento”, após uma investigação encomendada pelo FMI.

John Lipsky assumiu como diretor-gerente interino do Fundo Monetário Internacional (FMI), informou neste domingo uma autoridade do fundo. Separadamente, a porta-voz Caroline Atkinson disse que o fundo permanece totalmente funcional e operacional apesar da prisão do diretor-gerente. Lipsky, tecnicamente o primeiro vice-diretor-gerente, foi efetivado no cargo quando Strauss-Kahn viajou a Nova York para negócios particulares, disse a autoridade. Lipsky estava no domingo cedo em Washington.

O FMI informou no domingo de manhã, por email, que Strauss-Kahn optou por seu advogado particular para lidar com o caso. "O FMI não tem comentários a fazer sobre o caso; todas as indagações serão encaminhadas a seu advogado pessoal e às autoridades pessoais", disse a porta-voz Caroline Atkinson.

Autoridades nos escritórios do FMI estão tentando determinar se alguém substituirá Strauss-Kahn na viagem que ele deveria fazer à Europa, onde se encontraria com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com ministros das Finanças da zona do euro. O principal tópico de discussão seria a crise da dívida soberana da Grécia

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