13 abril 2011

Visitante inesperado

Francisco Solano de Lima - JP/PB - 12-04-2011

Imaginemos um extraterrestre escalado para espiar o planeta Terra, visando elaborar um detalhado relatório interplanetário. Ao finalizar a missão, o inusitado visitante pilota a sua nave espacial no rumo da nave-mãe de resgate, que transita perto de Marte. Enquanto navega pelo espaço, o solitário piloto resolve memorizar uma pequena parte do relatório com foco em Israel. Assim, resolve ligar o gravador de pensamentos, e no final, ao checar o que ficou gravado, escuta o seguinte.

Israel representa a sexta potência nuclear e tem como objetivo estratégico, político e militar destruir o que resta da Palestina. O processo detonado parece irreversível porque Israel tem enorme superioridade militar, tecnológica e armas de destruição em massa, além disto, conta ainda com ajuda de outras potências, especialmente com o apoio financeiro, político e militar dos Estados Unidos, que entre todos os países é o mais perigoso.

Na Palestina, a população árabe é vítima de ações de genocídio. Mas, fora a violência contra os palestinos, uma coisa exótica foi os judeus israelitas ousarem dizer que representam nesse planeta, "o povo escolhido por Deus". Uma afirmativa que vem do início da evolução social desse povo e cuja mitologia é ainda sustentada como verdadeira. Isto mostra o elevado grau de egoísmo e vaidade que ainda habita a mente da raça humana, além de revelar desconhecimento da natureza do Universo.

Fica difícil acreditar que, a raça humana, formada por criaturas de estruturas orgânicas baseadas principalmente em hidrogênio e carbono, possa ostentar tanta arrogância e superioridade. Isto em nosso planeta seria algo muito estranho, impensável. Mas, por desconhecerem civilizações externas, uma análise comparativa se torna inviável, pela falta de um referencial válido. Eles somente se comparam no espelho do seu próprio passado ou presente. Assim, vale aquela fábula popular, “Diz espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu !?”

Eles nem sabem que estão se aproximando do ponto de inflexão da curva evolutiva, ponto crítico a partir do qual poderiam evoluir para a seleta comunidade estelar. Mas, talvez eles não possam fazer esta passagem com sucesso, porque o abismo está na assimetria entre tecnologia e sociedade, motivo pelo qual na galáxia existem muitos casos de fracasso. Mas, o teste seletivo é inteligente e justo, por isto vale a razão aliada ao alto grau de tecnologia, civilidade, solidariedade e justiça. Trata-se de um filtro natural, escudo protetor das sociedades estelares.

Voltando ao relatório da Palestina, caso seja mantido aquele cenário geral de guerras, dentro de mais alguns anos a meta vai ser atingida com total sucesso, digo desastre, talvez num tempo igual ao que preciso nesta minha viagem de volta para o planeta Zetta, que na verdade, não é tão belo em natureza quanto a Terra, mas tem uma sociedade civilizada que integra a comunidade estelar. Vencer este teste universal foi difícil, portanto merecemos viver em paz e ser feliz.

O planeta Terra poderia ter outro nome, se antes os seus naturais habitantes pudessem ter contemplado uma vista panorâmica do exterior, a mesma que tive quando estava me aproximando. Mas, eles não vieram de fora, resultaram da evolução natural local e ficaram prisioneiros da gravidade terrestre por longo tempo, e somente em 12 de abril de 1961 puderam romper este limite, usando a cápsula Vostok 1 no foguete R-7, que partiu de Baikonur, Cazaquistão, URSS.

Assim, o primeiro deles foi foi um homem de origem simples, o astronauta russo Yuri Gagarin Alekseyevich, que disse o mesmo que pensei quando estive em órbita terrestre pela primeira vez, “A Terra é azul”. Gagarin era um daqueles poucos terrestres que merecia estar agora aqui comigo nesta viagem de volta, com certeza ele seria um bom co-piloto.

Finalmente, em tempo adequado recebo novas coordenadas e a velocidade da nave-mãe, que no momento já se afasta de Marte. Pelo meu relógio atômico faltam vinte horas terrestres para o encontro. Agora devo me concentrar, iniciar o procedimento de rotina, monitorar dados, para uma breve abordagem e entrada de pouso. Agora vou desligar o gravador de meditação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nota:

No penúltimo parágrafo do texto, considerar o nome:
Yuri Alekseyevitch Gagarin.

O autor do texto pede desculpas pelo equívoco.

Francisco Solano de Lima
18-04-2011.