17 dezembro 2010

Lula critica EUA e afirma que Brasil tem de alavancar demais países sul-americanos

da BBC Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o Brasil precisa alavancar os demais países da América do Sul, elogiou os avanços no Mercosul e criticou os Estados Unidos e a União Europeia (UE) pela postura adotada diante de nações parceiras.

"Um país como o Brasil tem que assumir a responsabilidade, como a maior economia desse continente, de criar as condições para os países menores economicamente se sentirem confortáveis na relação com o Brasil", afirmou Lula no encerramento da Cúpula Social do Mercosul, que reuniu movimentos sociais da região em um evento no complexo da usina hidrelétrica de Itaipu.

"Isto não é bondade. É apenas a compreensão de que a paz nesta parte do mundo, que a paz neste continente, não tem preço", disse o presidente, que participa nesta sexta-feira, em Foz do Iguaçu (PR), da 40ª Cúpula do Mercosul.

Lula criticou a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que abrange 34 países da região e foi reprovada pelo PT à época de sua criação. Para ele, com a proposta da Alca, os Estados Unidos não queriam fazer um acordo com a América do Sul, e sim com o Brasil, que é a maior economia sul-americana.

"A gente se perguntava, 'será que os Estados Unidos vão fazer com a América do Sul o que a União Europeia fez com os países pobres, como Grécia, Espanha e Portugal? Eles vão pedir dinheiro para alavancar o desenvolvimento de infraestrutura? Ele vai ajudar no desenvolvimento tecnológico? Ele vai colocar dinheiro para tornar os países mais iguais?' Não", disse o presidente.

"Sectários"

"Isso por si só fazia com que nós radicalizássemos e fossemos contra a Alca", afirmou Lula. Para ele, as pessoas que foram contra o bloco americano são pessoas que se poderia chamar de "sectários" e "esquerdistas" - e eram, segundo o presidente, padres, sindicalistas e sem-terra, entre outros.

"Hoje a gente olha para a União Europeia, a gente olha para os países ricos, e percebe como seria bom se eles olhassem para nós e vissem como nós conseguimos fazer do Mercosul um centro de crescimento extraordinário".

O presidente admitiu, no entanto, que o Mercosul ainda tem o que avançar. "Ainda falta muito. Não conquistamos tudo, eu sei que ainda tem muitas críticas, mas é importante saber onde a gente estava e onde a gente chegou."

Lula aproveitou o discurso para elogiar a sua sucessora, Dilma Rousseff. "Ela vai ser igual ou melhor do que qualquer um de nós aqui, porque ela tem na sua origem um sonho de conquista da democracia", disse.

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