Alessandra Corrêa - Da BBC Brasil em Washington
A eleição de Dilma Rousseff como primeira mulher presidente do Brasil ganhou destaque na imprensa internacional neste domingo.
Em uma reportagem assinada pelo correspondente em São Paulo, o jornal The New York Times afirma que os brasileiros "votaram fortemente pela continuidade das políticas econômicas e sociais de seu popular presidente, Luiz Inácio Lula da Silva".
"Ao escolher Rousseff, que não tem nenhuma experiência em cargos eletivos, em vez de José Serra, os eleitores enviaram a mensagem de que preferem dar ao governista Partido dos Trabalhadores mais tempo para ampliar as bem-sucedidas políticas econômicas de (Lula) Da Silva, cujo governo aprofundou a estabilidade econômica e tirou milhões de brasileiros da pobreza para a classe média baixa", diz o texto.
A reportagem diz ainda que Dilma se une à crescente onda de mulheres democraticamente eleitas na região e no mundo nos últimos cinco anos, entre elas Michelle Bachelet (ex-presidente do Chile), Cristina Kirchner (presidente da Argentina) e Angela Merkel (chanceler alemã).
O jornal The Washington Post segue a mesma linha, ao afirmar que a eleição de Dilma "demonstrou a lealdade dos eleitores ao homem que a escolheu a dedo para o trabalho".
"Analistas políticos consideram o resultado no Brasil, a oitava maior economia do mundo, uma forte demonstração de apoio à mistura de programas sociais generosos e prudente manejo da economia que caracterizou os oito anos do governo Lula", diz o diário.
Serra
O The Wall Street Journal diz que a vitória de Dilma foi "selada pela prosperidade econômica e pela ampla popularidade de seu antecessor e mentor".
O jornal diz que Dilma venceu prometendo continuidade e que o resultado "eleva uma burocrata relativamente desconhecida ao comando do maior país da América Latina, no momento em que assume um maior papel na economia global".
O WSJ diz ainda que o resultado deve encerrar as ambições presidenciais de Serra e deixa seu partido (PSDB) "à deriva" no cenário nacional, em meio a uma "mudança geracional" em suas lideranças.
Na Europa, o diário britânico The Guardian diz que apesar do clima de alegria entre os líderes do PT com a vitória, a eleição inspirou poucos eleitores de ambos os lados.
O jornal diz ainda que apesar do bom momento da economia, o Brasil precisa de investimentos em infraestrutura e educação para sustentar o crescimento.
'Elemento decisivo'
O espanhol El País afirma que Lula foi um "elemento decisivo" na vitória de Dilma. O jornal diz que a Classe C nascida no governo de Lula tem a chave das eleições.
"E para esses milhões de cidadãos que esperam, cheios de otimismo, continuar melhorando seu nível de vida, a continuidade pode ter sido o elemento decisivo na hora de depositar o voto", diz o texto.
O diário espanhol diz, no entanto, que Dilma precisará consolidar sua força e seu poder, com um governo próprio e com sua própria forma de trabalhar, e que a "grande dúvida" é sobre sua relação com os caciques do PT, que poderão reclamar maior protagonismo.
O italiano Corriere della Sera afirma que Dilma herda "um país que vive um de seus melhores momentos na economia, com industrialização em crescimento e desemprego em um nível mínimo".
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