06 julho 2010

Dilma: área social não passa de artefato eleitoral para Serra

PORTO ALEGRE (reuters) - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, começou sua campanha eleitoral pela capital gaúcha, onde mostrou disposição para o debate com seu principal adversário, centrado no compromisso com as políticas sociais.

Para Dilma, a questão social é uma estratégia de governo, enquanto para o oponente José Serra (PSDB) o tema seria um apêndice ou um artefato eleitoral, que seria esquecido na primeira dificuldade.

Em Curitiba (PR), onde iniciou sua campanha, Serra disse que Dilma evita comparações ao faltar a debates.

"Quereremos uma melhoria concreta. Para cada crescimento de 1 por cento no PIB (Produto Interno Bruto) queremos uma melhoria de 1 por cento nas condições de vida da população", disse Dilma em discurso, ao receber a medalha do mérito farroupilha.

A cerimônia, realizada na Assembleia Legislativa, contou com a presença de lideranças do PDT, partido ao qual ela foi filiada e agora aliado do candidato ao governo do Rio do Grande do Sul, ex-prefeito José Fogaça (PMDB).

Entre os pedetistas havia o vice de Fogaça, deputado federal Pompeu de Matos. O PMDB gaúcho aprovou a neutralidade sobre a eleição presidencial, apesar de ser aliado na campanha nacional ao PT. Dilma abriu o voto e disse que seu candidato ao governo gaúcho é o ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT).

A petista afirmou que começou a campanha no Rio Grande do Sul não porque Serra esteja na frente na região Sul, mas sim porque foi o local de sua retomada após a prisão por ter atuado contra a ditadura militar (1964-1985).

Após a cerimônia, a petista subiu em carro de som na região central de Porto Alegre, na chamada esquina democrática, local de manifestações e de resistência contra o regime militar. Ela realizou ainda uma caminhada até o mercado público municipal.

"Sou uma mistura do centro e do sul do país", disse Dilma, que nasceu em Belo Horizonte (MG) e viveu por cerca de 30 anos no Sul.

(Reportagem de Sinara Sandri; Edição de Carmen Munari)

Um comentário:

josé lopes disse...

Gastos sociais.

Seria bom esclarecer que o precursor do programa Bolsa Família foi o Programa Nacional de Garantia de Renda Mínima, um programa cujo mérito cabe ao senador petista Eduardo Suplicy. Ainda no governo FHC, este programa petista foi extinto para dar lugar ao programa Bolsa-Escola estendido às famílias que tinham renda per capita de até meio salário mínimo por mês. Cada criança matriculada, até três por família, recebia apenas R$ 15 por mês. No governo do presidente Lula este programa foi ampliado e recebeu o nome de Bolsa Família. A finalidade do programa, que atende cerca de 11,1 milhões de habitantes, é a transferência direta de renda do governo para famílias pobres (renda mensal por pessoa entre R$ 69,01 e R$ 137,00) e em extrema miséria (renda mensal por pessoa de até R$ 69,00). O programa foi uma reformulação e ampliação, repito, do programa Bolsa-Escola do governo FHC que tinha uma abrangência bem mais tímida. Existem vários trabalhos acadêmicos que mostram que no período FHC, por trás das rubricas sociais, existia uma série de gastos que pouco ou nada ajudaram os pobres, pessoas que por definição deveriam ser os maiores beneficiários desse tipo de ação pública. Na realidade, o governo tucano de FHC, Serra & Cia. gastou muito dinheiro para ajudar quem não é pobre e pouco para ajudar os pobres. O problema surgia também em outras áreas. No caso da educação, os gastos com o ensino médio eram direcionados aos mais ricos. Para citar um número: apenas 8% do que era gasto no ensino médio foi para alunos do grupo 20% mais pobres. Mas a grande distorção estava no ensino superior. Quase metade de todo o orçamento das universidades públicas beneficiava os alunos das famílias pertencentes ao extrato dos 20% mais ricos. A metade mais pobre praticamente não se beneficiava do dinheiro (público) das universidades - que pertence ao que sabemos ao chamado "gasto social". Conclusão semelhante pode ser obtida ao olharmos a saúde. Embora os gastos fossem menos concentrados nos ricos do que no caso do ensino superior, também aí os pobres acabam tendo pouco acesso ao dinheiro. Exemplos: 53% dos pacientes das clínicas do SUS vêm de famílias pertencentes aos 20% mais ricos, contra apenas 2% dos 20% mais pobres. No caso dos hospitais do SUS, esses números são respectivamente, 45% dos 20% mais ricos e 8% dos 20% mais pobres.
A conclusão, a partir de uma série de números é simples, no governo FHC o dinheiro dos chamados “gastos sociais” simplesmente não atingiu os pobres. Ele foi capturado por pessoas relativamente ricas para o padrão brasileiro.
Fonte da pesquisa:
A era FHC um Balanço.
Wikipédia.