01 junho 2010

Não queremos ficar como uma sanfona, diz Lula sobre PIB

Rodrigo Viga Gaier

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que é "gostoso" ver a economia crescendo entre 5 e 6 por cento, mas que não quer uma expansão muito acima desse patamar para evitar o efeito sanfona.

"É gostoso crescer a 4, 5, 6 por cento, mas também não queremos crescer demais porque não queremos ficar como uma sanfona, que vai a 10, volta a 2 (por cento). Queremos um crescimento sustentável que possa durar 10 anos, 15 anos", disse Lula em discurso na abertura de um evento sobre mobilidade rodoviária sustentável no Rio de Janeiro.

As declarações foram feitas após o presidente criticar economistas que apostavam que o PIB potencial do Brasil era de 3 por cento.

"Esse país aprendeu a tomar conta do seu nariz, a gostar de si próprio, aprendeu a gostar de estabilidade econômica, do controle da inflação, da distribuição de renda e de acabar com o PIB potencial que era uma imbecilidade de alguns economistas que achavam que a economia brasileira não poderia crescer acima de 3 por cento que a casa caía."

Pesquisa semanal do Banco Central junto ao mercado projeta crescimento de quase 6,5 por cento da economia brasileira neste ano, mas já há bancos vendo expansão superior a 7 por cento.

Lula aproveitou para fazer críticas veladas ao governo de Fernando Henrique Cardoso. O presidente classificou os anos 1990 como uma "década perdida" para a economia brasileira.

Conceitualmente, segundo analistas e economistas, os anos 1980 foram a década perdida pelo Brasil, visto que a economia viveu vários planos econômicos malsucedidos, que levaram o país a baixas taxas de crescimento.

Para Lula, o Brasil nunca recebeu tantos investimentos como agora.

"Há quantas décadas (não se vê isso). Eu diria que nós só tivemos um momento próximo disso, que foi possivelmente nos anos de 75, ainda no governo Geisel, porque tomou dinheiro emprestado a juros de 3 por cento e para resolver resolver o problema da economia americana passamos a pagar juros de 21 por cento", disse ele em discurso.

"Aí todo mundo sabe o que aconteceu com as duas décadas perdidas entre 1980 e 2000."

Reuters

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