02 maio 2010

Lula chora ao falar sobre término de seu mandato



Discurso aconteceu durante a celebração do Dia do Trabalhador, promovida pela Central Única dos Trabalhadores

por Ricardo Galhardo Último Segundo

A oito meses de deixar a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva chorou de emoção ao falar do término de seu mandato. O presidente mais popular da história do Brasil, eleito um dos 25 líderes mais influentes do planeta pela revista norte-americana Time, o homem do ano pelo jornal francês Le Monde e chamado de “o cara” pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Lula disse que seu maior orgulho após oito anos de governo será poder andar tranquilamente pelas ruas de São Bernardo do Campo, olhar nos olhos dos trabalhadores que o alçaram ao poder, e poder cumprimentá-los com a sensação do dever cumprido.

“É com muito orgulho que, quando eu deixar a Presidência, vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou para a política e das empresas onde fiz as greves mais maravilhosas desse País. E o que mais vai me dar orgulho é que vou poder levantar de manhã, encontrar qualquer trabalhador e dizer para ele: bom dia, companheiro. Porque eu fui leal”, disse, para, em seguida, começar a chorar.

Em um discurso que mais lembrava o líder sindical raivoso das décadas de 70 e 80 do que o governante de terno e gravata dos últimos sete anos e meio, Lula confessou que sentiu medo do fracasso durante sua trajetória no governo. Ele citou a experiência desastrosa do polonês Lech Walessa e do sindicato Solidariedade, que no início dos anos 80 comandou greves contra o domínio soviético na Polônia, mas que depois de chegar à presidência, fracassou. “Eu me dizia: Lula, você não pode errar, porque se errar vai demorar mais 100 anos para um trabalhador chegar à Presidência do Brasil. Eu tinha medo de não dar certo para não trair a confiança da classe trabalhadora. Já tínhamos a experiência do Walessa na Polônia”, afirmou o presidente.

O discurso aconteceu durante a celebração do Dia do Trabalhador, promovida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ele ajudou a fundar, no Memorial da América Latina. Vestindo uma guaiabeira (camisa típica caribenha) branca e à vontade entre seus companheiros sindicalistas, Lula falou durante mais de trinta minutos, algumas vezes em tom raivoso, com a voz rouca. Ele chegou a usar a expressão “babaca”, referindo-se às pessoas que “tomam água Perrier da geladeira e criticam a transposição do rio São Francisco”. Embora estivesse acompanhado da ex-ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, candidata do PT à sua sucessão, Lula tomou cuidado para que sua fala não pudesse ser caracterizada como campanha eleitoral.

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