10 abril 2010

Garcia diz que oposição está sem discurso e critica Gilmar Mendes

Coordenador da campanha da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta sexta-feira que a oposição, que lançará o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na corrida pelo Palácio do Planalto tende a afundar, pois não tem um "caminho das pedras" para sair vitorioso nas eleições de outubro.

"Não tem caminho de pedras. O caminho (da oposição) é mais para se afundar do que efetivamente para ir pelas pedras", disse o assessor do presidente.

A declaração do assessor do presidente Lula ocorre às vésperas de o tucano ser lançado como candidato do PSDB ao Planalto e um dia após Serra ter recebido o presidente de centro-direita do Chile, Sebastián Piñera. "Se a oposição procurar essas lições (de como ganhar as eleições) ela não vai se dar bem. Acho que a oposição está vivendo dificuldades muito grandes. A oposição está sem discurso, tanto é verdade que ao invés de ela assumir que é anti-Lula, que é o que ela é fundamentalmente, porque durante sete anos e quatro meses ela foi anti-Lula, querer convencer a sociedade brasileira de que agora ela é pós-Lula somente, que o Lula é ótimo, que eles querem ser melhores que o Lula, vai ser muito difícil", afirmou Garcia após participar de almoço em homenagem ao mandatário chileno.

Ele também criticou duramente a postura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que havia afirmado que o presidente Lula e a pré-candidata Dilma Rousseff testavam a Justiça Eleitoral com diversas inaugurações pelo País e alertado que o governante "não pode brincar com a Justiça".

"Se fosse criar aresta (entre o Poder Executivo e o poder Judiciário), as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal já teriam criado muito mais arestas. O presidente do Supremo Tribunal Federal deveria talvez falar mais nos autos e menos nos microfones. Um presidente da Corte Suprema deve falar mais nos autos. Essa é a boa tradição jurídica brasileira. Não é se preservar, é preservar o Supremo", disse o assessor de Lula.

Lula já sofreu duas derrotas na Justiça Eleitoral por antecipação de campanha política. Em uma das penalidades impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mandatário brasileiro foi apenado com o pagamento de uma multa no valor de R$ 5 mil por propaganda antecipada feita por Lula em favor da pré-candidata petista Dilma Rousseff em um discurso feito em Manguinhos, no Rio de Janeiro, em maio do ano passado. Em uma outra sanção, o TSE fixou multa de R$ 10 mil por Lula ter defendido a sucessão de seus programas, embora não tivesse citado o nome de Dilma Rousseff, na inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de dados de São Paulo, em 22 de janeiro deste ano.

Garcia negou que Lula teria desafiado o Judiciário ao afirmar que os políticos não devam ficar subordinados à Justiça Eleitoral a cada eleição. Na noite de quinta-feira, durante o ato de apoio do PCdoB à candidatura de Dilma, Lula disse que, ao deixar o governo, irá se dedicar à aprovação da reforma política por considerar que políticos não podem ficar à mercê de decisões de juízes.

“Ele [Lula] disse que tem que fazer uma reforma política no país. Qualquer pessoa que olhe para a fragilidade das instituições brasileiras acha isso, sabe que tem que fazer uma reforma política. Vocês acham que o sistema eleitoral brasileiro está bom?”, perguntou Garcia, dirigindo-se aos jornalistas. “Ou vocês acham que a tardança da Justiça está bem? Não é um problema da Justiça brasileira. É um problema do desenho institucional do país que tem que ser corrigido”.

Fonte: Terra

Nenhum comentário: