28 dezembro 2009

Lula traz popularidade recorde ao PT


por José Roberto de Toledo* - Estadão

O PT entra no ano eleitoral de 2010 como a maior popularidade de sua história. Um em cada quatro eleitores brasileiros diz ter preferência pelo Partido dos Trabalhadores.

É o maior porcentual de simpatia alcançado por qualquer agremiação partidária nacional nos últimos 20 anos. E a razão desse neopetismo é a boa avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Levantamento feito pelo Estado com base em pesquisas Datafolha desde 1989 mostra que, nas últimas duas décadas, o PT multiplicou por quatro a sua área de influência: saiu de 6% para 25% de preferência entre os eleitores brasileiros.

Mas foi um caminho com muitos altos e baixos. Nem sempre a popularidade se transformou em votos para a legenda.

Na primeira década após a retomada das eleições diretas para presidente da República, o PT foi o maior favorecido pela dramática perda de popularidade do governo Collor.

O impeachment do presidente que havia derrotado Lula em 1989 criou uma imagem para parte do eleitorado de que os petistas eram fiscais da corrupção. A sigla chegou a 17% de preferência em dezembro de 1992, tecnicamente empatada com o PMDB (19%), então o partido mais popular do País.

Sob efeito das manifestações de rua dos cara-pintadas e com esperança renovada na política, mais brasileiros do que em qualquer outra época recente declaravam ter simpatia por alguma agremiação partidária, fosse ela qual fosse: 58%.

O período seguinte, porém, foi de refluxo para todos os partidos, com exceção do PSDB.

A recusa em participar do governo de Itamar Franco e a aposta no fracasso do Plano Real custaram ao PT uma regressão a apenas 9% das preferências em dezembro de 1994.

A partir daí, os tucanos se consolidariam como a terceira legenda em popularidade, embora não tenham conseguido usar o governo FHC para ultrapassar a barreira dos 6% de preferência.

Após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e a imediata desvalorização do real, em 1999, o PT voltou a crescer no imaginário do eleitorado. E, pela primeira vez, ultrapassou o PMDB na preferência partidária.

Após alguns solavancos nos meses seguintes, o partido entrou no novo século com 21% de citações e dez pontos a mais que o segundo colocado.

A eleição de Lula em 2002 e a posterior implantação de programas populares de combate à fome e disseminação do crédito renderam ao PT seu patamar mais alto de preferência até então - 24% de citações em dezembro de 2004. Aí vieram os escândalos de corrupção envolvendo o partido.

O mensalão, em 2005, e os "aloprados" petistas em 2006, às vésperas do 1º turno da sucessão presidencial, fizeram despencar a popularidade do PT, que bateu em 16% em setembro daquele ano.

Mas a desilusão dos eleitores foi tão grande que ninguém se beneficiou da queda. Nesse mesmo mês, dois em cada três brasileiros diziam não ter preferência partidária, um novo recorde de desinteresse pela política.

Desde então, o segundo mandato de Lula foi marcado, no imaginário do eleitor, por uma onda econômica que permitiu a queda do desemprego, o aumento exponencial do consumo das classes C e D e a superação da crise financeira mundial de maneira inédita pelo Brasil.

Os recordes de popularidade do presidente e de seu governo foram acompanhados pela recuperação da preferência pelo PT.

O partido parece ter ficado imune ao desgaste de novas acusações de corrupção. Cresceu nove pontos em três anos e bateu o recorde de preferência partidária das últimas duas décadas.

Foi ajudado pela inércia dos adversários. O PFL, mesmo virando DEM, viu sua preferência, em 20 anos, minguar de 4% para 1%. O PSDB não passou de 8%, mesmo patamar do PMDB.

Embora seja um capital importante, o crescimento não é garantia de sucesso automático nas eleições de 2010.

Os neopetistas são os mais entusiasmados com o governo, mas muitos mostram alto grau de desconexão com o partido. A dez meses da eleição, só 14% dos que declaram preferência pelo PT afirmaram espontaneamente que pretendem votar na petista Dilma Rousseff para presidente.

Depois de serem apresentados aos nomes dos presidenciáveis, esse porcentual subiu para 44%. Ainda assim, há 23% que preferem o tucano José Serra, 13% que vão de Ciro Gomes (PSB) e 8% que citam Marina Silva (PV).

Entre agosto e dezembro, a intenção de voto dos petistas na ministra cresceu de 8% para 14% na espontânea e de 36% para 44% na estimulada. Para Dilma, ainda há mais da metade de simpatizantes do partido a conquistar. Eles são o caminho mais rápido para incrementar a sua posição nas pesquisas.

José Roberto de Toledo é jornalista especializado em reportagens com uso de estatísticas e coordenador da Abraji.

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