25 dezembro 2009

Homenagem do Le Monde a Lula repercute no Estadão

Lula no jornal: 'Figura simpática'

Gilles Lapouge, o veterano correspondente do Estado de S. Paulo em Paris, comenta no jornal paulista desta sexta-feira (25) a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como 'personalidade do ano 2009' pelo jornnal Le Monde, que considera "o melhor periódico da França". Lapouge conclui, olhando a foto de Lula na capa do Monde, que a Providência desta vez "acertou em cheio", pois "valeu a pena". Veja o artigo.

O jornal Le Monde é o melhor periódico da França. Uma referência internacional. Na véspera do Natal, parte da sua primeira página foi ocupada por uma figura sorridente, simpática, simples - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este ano, com efeito, e pela primeira vez, o Le Monde nomeou o brasileiro "personalidade do ano", como faz na América Latina o Times.

O diretor do jornal explicou as razões. "Barack Obama? Ele merecia essa indicação no ano passado, mais do que este ano. Putin? Ou Mahmoud Ahmadinejad? Não, Le Monde pretende ser um jornal de reconstrução e de esperança. Na linha do "positivismo de Auguste Comte", ele toma o partido dos "homens de boa vontade".

Um retrato de Lula foi feito pelo correspondente do jornal no Brasil, Jean-Pierre Langellier. O fio condutor? O Brasil, que há tanto tempo tinha o rótulo interessante, mas deprimente de "país do futuro", encontrou finalmente o seu futuro. "Como um gigante por muito tempo adormecido, ele acorda, se endireita, se estica, descobre os seus músculos e olha longe, para além da sua própria imensidão, para o mundo, que aspira ser um dos principais protagonistas".

No texto, ele ressalta a espontaneidade do presidente. "Sua autoridade natural, seu carisma, seu humor despertam simpatia e respeito. Tão à vontade nas favelas quanto nas sessões de foto na primeira fila ao lado de chefes de Estado seus pares, Lula é popular aqui e lá".

Jean-Pierre Langellier destaca também a impressão que Lula provocou em outro homem fascinante, Barack Obama. Lula foi o primeiro dirigente americano a ir à Casa Branca e Obama recebeu-o, dizendo "ele é o cara". Mais adiante, acrescenta que "Lula foi o seu próprio herói. À força da inteligência, coragem e obstinação, ele se forjou um destino improvável que é um exemplo para os mais humildes".

Langellier fala dos discursos de Lula. "Sua trajetória fora do comum é confirmada por suas palavras. Quando ele evoca o destino dos camponeses do Nordeste obrigados a beber água suja do rio, ou a epopeia dos migrantes, desenraizados como ele e que se tornaram metalúrgicos na periferia de São Paulo, sua palavra é legítima". Mesmos nos raros momentos em que Lula se autoriza ser mais vulgar, sua palavra ainda assim tem algum peso. Como quando disse "quero tirar o povo da merda onde ele se encontra".

E Langellier continua com um desfile de sucessos e triunfos do Brasil, por exemplo em matéria econômica, mas insiste sobretudo na dimensão internacional que Lula quis, obstinadamente, se dar.

Há muito tempo, Lula declarou: "Quero mudar a geografia política e econômica do mundo. O Brasil não pode ficar sentado na cadeira esperando ser descoberto".

E seguem algumas etapas dessa subida do Brasil para as grandes cúpulas. A elevação do G-20, do qual Lula é um membro ativo, à condição de diretório informal da economia mundial e, depois, essa chacota de Lula: "Gostaria de passar à posteridade como o primeiro presidente brasileiro que deu dinheiro ao FMI. Emprestar para o FMI não é chique?". Em 2009, o Brasil emprestou US$ 1,3 bilhão ao Fundo Monetário Internacional.

Quando terminamos de ler o longo artigo de Langellier, voltamos à primeira página. E olhamos longamente a foto do presidente brasileiro.

E nos dizemos que a Providência ou o destino dos povos, tão cega, tão mal inspirada ou tão frívola no geral, desta vez acertou em cheio. Uma figura simpática como essa, realmente vale a pena.

7 comentários:

Adir disse...

Afe, enfim alguém da marginal elogiando o Cara!

Ary disse...

Aqui cabe, como uma luva, o poema de Lourenço Diaféria: Bilhete para um operário. Que alguém coloque. Vale a pena prestar essa homenagem ao saudoso lourenço.

PEREYRA disse...

Não sou brasileiro nem moro no Brasil mas reconheço que Lula, na esteira de FHC, dá umna grande e boa visibilidade ao Brasil no mundo.
Espero que os brasileiros, finalmente, se orgulhem das suas raízes lusitanas. Começando pela descoberta, um encontro pacífico entre ameríndios e europeus; Continuando pelos bandeirantes e por Pedro Teixeira que alargaram as fronteiras para Oeste e para a Amazonia, dando uma dimensão continental ao país; até Dom João VI, que preparou a independência pacífica do Brasil, deixando uma monarquia a unir as diferentes regiões e terminando nos colonos portugueses e luso-descendentes que com seu caráter pacífico aceitaram a chegada de imigrantes alemães, italianos, japoneses, libaneses, etc, sem racismo e rapidamente os integraram na nação brasileira.

João Aguiar disse...

Virgem Santiiiiiiiiiiiiiiiissima, um encontro pacífico entre ameríndios e europeus?
Euroluso, em que planeta vive? Eram entre 6 e 10 milhões de índios no Brasil na época do descobrimento, sobreviveram 200.000. Foram sequestrados na África e escravizados cerca de 6 milhões de pessoas para o trabalho nos canaviais e cafezais até o século XX.
Do estupro de índias e negras por portugueses e brasileiros, somados aos milhares de migrantes famintos e explorados, formou-se um país que tem o décimo lugar em concentração de renda nas mãos dos brancos de olhos azuis e vc ainda fala que aqui não tem racismo?
Mas não se preocupe, tem gente aqui que pensa o mesmo, como o Ali Kamel, Diogo Mainard e outros deste tipo.

PEREYRA disse...

João Aguiar, o colonialismo foi uma fase de evolução da humanidade na Europa, como o esclavagismo o foi no Egipto e noutras civilizações da Antiguidade. Não quero defender o colonialismo português, apenas quis acentuar os aspectos positivos da herança lusitana para a formação do Brasil como potência mundial. Compara as repúblicas de bananas da América espanhola com o Brasil; Os Incas e os Aztecas esses sim, foram chacinados. O português misturou-se com as índias, com as negras, à falta de brancas. O povo brasileiro é fruto desssa miscigenação; Se és Aguiar, tens nome e sangue português. Para que ter vergonha das tuas origens? Enquanto a renegares serás infeliz.
Já viajei por quase todos os estados brasileiros e conheço o Brasil e a sua historia melhor que tu, por isso sei do que falo. Tu confundes racismo com segregação social.
Um abraço lusitano.

Fabiola Eloy Scunderlick disse...

Euroluso, não acho que o João Aguiar, tenha vergonha de sua origem portuguesa.
Acho que ele se referiu ao racismo q realmente existe em nosso país. Aqui na região sul, ainda é mais forte do que nas outras do Brasil.
Moro aqui, e vejo horrorizada que ainda existem pessoas (e não são poucas) que não consideram um igual um ser humano de outra cor.
Gde abraço!!!

Risomá Cordeiro disse...

OLa ! fabiola voce esta certa tambem moro no sul...Nosso povo é calmo por conta dos grandes massacres desde sua descoberta, escravidao, exploração e o povo nao reage a nada e ainda faz piada. Moro no sul e eita povinho racista, sao racistas com negros, com nordestinos; sendo que os nordestinos construiram sao paulo por exemplo, construiram a desgraça de brasilia, berço dos coruptos, castelo dos arrudas...grande abraço... em mais de 20 anos o Lula é o melhor presidente sim vai levar tempo para que se veja isso um abraço
Risomá