O governador de Minas Gerais anunciou sua desistência da disputa pela indicação do PSDB para a candidatura à presidência da República em 2010. Ao contrário do que parece, ele não recuou, mas avançou.
Aécio não suportava mais manter a pressão sobre o partido para que apressasse a definição do candidato tucano. Há meses expõe seu ponto de vista: acha que a oposição não deve cair no jogo do governo e transformar a eleição em um “plebiscito”, que chame o povo a votar contra ou a favor de Lula e sua candidata. Para ele, esse é o caminho da derrota, dada a popularidade gigantesca do presidente e o cenário favorável que se vislumbra para nossa economia no ano que se inicia.
Com esta avaliação, imaginava-se mais competitivo do que José Serra, apesar deste liderar as pesquisas de opinião hoje. Aécio, mineiro, simpático e agregador, acredita ser mais capaz de atrair novos aliados e fugir do confronto direto com o governo. Mas, para isso, precisava de tempo, para correr o País e agregar apoios, inclusive na base governista. Entendia que, assim, iria subir pouco a pouco nas intenções de voto, enquanto que Serra, dada sua identificação com os governos FHC e seu inexistente carisma, tendesse a estacionar ou até declinar nas pesquisas.
Sua tese conseguiu angariar muitos adeptos, sobretudo nas fileiras do DEM, principal aliado tucano. Mas não comoveu José Serra e a maioria da direção do PSDB. O governador paulista ficou irredutível o tempo todo, sem esboçar qualquer movimento nas sobrancelhas. Ao contrário do mineiro, lhe interessa uma campanha o mais curta possível.
Serra entende que quanto mais cedo ser oficializada sua candidatura, mais cedo colocará a cara para apanhar do governo. E, como todo mundo sabe, ele tem uma saída segura pela lateral, se ficar configurado um cenário de grande crescimento de Dilma nos próximos meses: a reeleição ao governo de São Paulo, para desespero de Geraldo Alckmin.
Com esta lógica, Serra pretendia esticar a corda da definição até março. Mas Aécio cansou e, surpreendendo a todos, nem esperou a troca de presentes de amigo secreto na sede do governo mineiro para anunciar sua “desistência”.
Agora, ele aguarda. Serra não oficializou, nem vai oficializar tão cedo sua candidatura e até saudou a decisão de Aécio. Mas, daqui pra frente, as pesquisas de opinião só terão seu nome pela oposição. O noticiário ficará mais atento aos seus passos. E o governo vai partir mais duro para o confronto.
Enquanto isso, o governador mineiro degustará seu peru de Natal com pão de queijo tranquilamente. Receberá inúmeros apelos para sair como vice de Serra, mas também muitos apelos caseiros para esquecer as eleições presidenciais e se dedicar a eleger seu sucessor em Minas e a estourar as urnas de tanto voto que receberá para o Senado.
Daí, se não ceder ao convite para sair de vice – opção que, até aqui, não cansa de rechaçar – fica no aguardo do desempenho de Serra. Se este se elege presidente, Aécio será o homem do governo no Congresso. Se Serra perde, Aécio será o homem da oposição no Congresso.
E se Serra desistir diante de um crescimento incontrolável de Dilma? Aécio será chamado para o “sacrifício” e sairá dele, na pior das hipóteses, como o tucano mais forte do Brasil. Pronto para novos voos, que sua juventude permite. Ou seja, em qualquer cenário, o futuro político do governador mineiro está garantido.
Mas ele emparedou o governador paulista.
Carta Capital
Aécio não suportava mais manter a pressão sobre o partido para que apressasse a definição do candidato tucano. Há meses expõe seu ponto de vista: acha que a oposição não deve cair no jogo do governo e transformar a eleição em um “plebiscito”, que chame o povo a votar contra ou a favor de Lula e sua candidata. Para ele, esse é o caminho da derrota, dada a popularidade gigantesca do presidente e o cenário favorável que se vislumbra para nossa economia no ano que se inicia.
Com esta avaliação, imaginava-se mais competitivo do que José Serra, apesar deste liderar as pesquisas de opinião hoje. Aécio, mineiro, simpático e agregador, acredita ser mais capaz de atrair novos aliados e fugir do confronto direto com o governo. Mas, para isso, precisava de tempo, para correr o País e agregar apoios, inclusive na base governista. Entendia que, assim, iria subir pouco a pouco nas intenções de voto, enquanto que Serra, dada sua identificação com os governos FHC e seu inexistente carisma, tendesse a estacionar ou até declinar nas pesquisas.
Sua tese conseguiu angariar muitos adeptos, sobretudo nas fileiras do DEM, principal aliado tucano. Mas não comoveu José Serra e a maioria da direção do PSDB. O governador paulista ficou irredutível o tempo todo, sem esboçar qualquer movimento nas sobrancelhas. Ao contrário do mineiro, lhe interessa uma campanha o mais curta possível.
Serra entende que quanto mais cedo ser oficializada sua candidatura, mais cedo colocará a cara para apanhar do governo. E, como todo mundo sabe, ele tem uma saída segura pela lateral, se ficar configurado um cenário de grande crescimento de Dilma nos próximos meses: a reeleição ao governo de São Paulo, para desespero de Geraldo Alckmin.
Com esta lógica, Serra pretendia esticar a corda da definição até março. Mas Aécio cansou e, surpreendendo a todos, nem esperou a troca de presentes de amigo secreto na sede do governo mineiro para anunciar sua “desistência”.
Agora, ele aguarda. Serra não oficializou, nem vai oficializar tão cedo sua candidatura e até saudou a decisão de Aécio. Mas, daqui pra frente, as pesquisas de opinião só terão seu nome pela oposição. O noticiário ficará mais atento aos seus passos. E o governo vai partir mais duro para o confronto.
Enquanto isso, o governador mineiro degustará seu peru de Natal com pão de queijo tranquilamente. Receberá inúmeros apelos para sair como vice de Serra, mas também muitos apelos caseiros para esquecer as eleições presidenciais e se dedicar a eleger seu sucessor em Minas e a estourar as urnas de tanto voto que receberá para o Senado.
Daí, se não ceder ao convite para sair de vice – opção que, até aqui, não cansa de rechaçar – fica no aguardo do desempenho de Serra. Se este se elege presidente, Aécio será o homem do governo no Congresso. Se Serra perde, Aécio será o homem da oposição no Congresso.
E se Serra desistir diante de um crescimento incontrolável de Dilma? Aécio será chamado para o “sacrifício” e sairá dele, na pior das hipóteses, como o tucano mais forte do Brasil. Pronto para novos voos, que sua juventude permite. Ou seja, em qualquer cenário, o futuro político do governador mineiro está garantido.
Mas ele emparedou o governador paulista.
Carta Capital
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