AK-47 é a preferida dos traficantes nas favelas cariocas
por Fabíola Ortiz, da Agência Lusa
Apesar de ser considerada relativamente ultrapassada, a Ak-47 é uma das armas preferidas dos grupos que controlam a venda de estupefacientes(droga - Gloria) nas favelas do Rio de Janeiro.
Criada por Mikhail Kalashnikov, que completa terça-feira 90 anos de idade, esta arma tornou-se popular pelo seu baixo preço - no Brasil, uma Ak-47 pode custar menos de 20 mil reais (cerca de oito mil euros).
Além disso, é uma arma prática, resistente e leve (pesa em média 4,5 quilos), podendo ser utilizado por jovens adolescentes recém-ingressados nos bandos criminosos.
É esta combinação que atrai os traficantes no Rio, explicou à Lusa o general José Albano do Amarante, que serviu no Exército durante 48 anos e há dois integra o Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"A AK está entre os armamentos mais fáceis de adquirir, é uma arma tipo Volkswagen, fácil de consertar e muito leve", sintetizou.
Segundo o general Amarante, não é possível saber desde quando a AK-47 é usada por grupos de traficantes e tão pouco quantas armas têm.
No Rio, referiu, são apreendidas todos os anos cerca de 10 mil AK-47, o que pode ser um indicativo do poderio bélico destes grupos, mas esta quantidade ainda é "muito pequena".
Devido à grande precisão e longo alcance, a AK-47 é uma arma "sofisticadíssima", concorda o cientista político Eurico de Lima Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (Abed).
"É mais barata, fácil de ser carregada, tem resistência a água, areia e é de simples manutenção", explicou.
O carregador de munição pode conter 20, 30 ou 99 cartuchos, tem um raio de acção de 1,5 quilómetros e é capaz de disparar até 600 tiros por minuto, tendo uma velocidade da bala de 72 metros por segundo.
Eurico de Lima concorda que é "muito difícil" quantificar o volume de armas à disposição dos traficantes de droga. "Mas a quantidade é muito grande. Basta um fuzil para imobilizar a subida no morro de um contingente de 100 homens", disse.
Segundo Eurico de Lima, é possível que uma arma leve como a AK-47 possa ter sido usada para derrubar o helicóptero da Polícia Militar, a 17 de Outubro, durante uma operação policial numa favela carioca.
O cientista político questiona os interesses por trás dos conflitos nas favelas: "Culpa-se muito as polícias dos países em desenvolvimento. Por que não culpar os responsáveis pela produção e contrabando nos países desenvolvidos? A ponta do iceberg está aqui na favela. Estamos a falar dos grandes chefões e de uma arma usada ilegalmente através do contrabando".
Eurico de Lima destaca que este ramo "extra-oficial" movimenta no mundo um bilião de dólares (670 mil milhões de euros) por ano.
"É uma actividade altamente subversiva porque corrói instituições, gera violência na sociedade e disputa, numa competição desleal, com os sectores economicamente organizados no mercado", referiu.
Muitas armas contrabandeadas entram no Brasil pela fronteira terrestre, devido à sua extensão e dificuldade de fiscalização, afirmam os especialistas.
Eurico de Lima classifica a política do Governo brasileiro como a do "cobertor curto, de resposta imediata e tópica" e acrescenta que a diminuição do contrabando de armas "exige um investimento que o Brasil não está preparado para fazer ainda".
Diário Nacional
por Fabíola Ortiz, da Agência Lusa
Apesar de ser considerada relativamente ultrapassada, a Ak-47 é uma das armas preferidas dos grupos que controlam a venda de estupefacientes(droga - Gloria) nas favelas do Rio de Janeiro.
Criada por Mikhail Kalashnikov, que completa terça-feira 90 anos de idade, esta arma tornou-se popular pelo seu baixo preço - no Brasil, uma Ak-47 pode custar menos de 20 mil reais (cerca de oito mil euros).
Além disso, é uma arma prática, resistente e leve (pesa em média 4,5 quilos), podendo ser utilizado por jovens adolescentes recém-ingressados nos bandos criminosos.
É esta combinação que atrai os traficantes no Rio, explicou à Lusa o general José Albano do Amarante, que serviu no Exército durante 48 anos e há dois integra o Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"A AK está entre os armamentos mais fáceis de adquirir, é uma arma tipo Volkswagen, fácil de consertar e muito leve", sintetizou.
Segundo o general Amarante, não é possível saber desde quando a AK-47 é usada por grupos de traficantes e tão pouco quantas armas têm.
No Rio, referiu, são apreendidas todos os anos cerca de 10 mil AK-47, o que pode ser um indicativo do poderio bélico destes grupos, mas esta quantidade ainda é "muito pequena".
Devido à grande precisão e longo alcance, a AK-47 é uma arma "sofisticadíssima", concorda o cientista político Eurico de Lima Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (Abed).
"É mais barata, fácil de ser carregada, tem resistência a água, areia e é de simples manutenção", explicou.
O carregador de munição pode conter 20, 30 ou 99 cartuchos, tem um raio de acção de 1,5 quilómetros e é capaz de disparar até 600 tiros por minuto, tendo uma velocidade da bala de 72 metros por segundo.
Eurico de Lima concorda que é "muito difícil" quantificar o volume de armas à disposição dos traficantes de droga. "Mas a quantidade é muito grande. Basta um fuzil para imobilizar a subida no morro de um contingente de 100 homens", disse.
Segundo Eurico de Lima, é possível que uma arma leve como a AK-47 possa ter sido usada para derrubar o helicóptero da Polícia Militar, a 17 de Outubro, durante uma operação policial numa favela carioca.
O cientista político questiona os interesses por trás dos conflitos nas favelas: "Culpa-se muito as polícias dos países em desenvolvimento. Por que não culpar os responsáveis pela produção e contrabando nos países desenvolvidos? A ponta do iceberg está aqui na favela. Estamos a falar dos grandes chefões e de uma arma usada ilegalmente através do contrabando".
Eurico de Lima destaca que este ramo "extra-oficial" movimenta no mundo um bilião de dólares (670 mil milhões de euros) por ano.
"É uma actividade altamente subversiva porque corrói instituições, gera violência na sociedade e disputa, numa competição desleal, com os sectores economicamente organizados no mercado", referiu.
Muitas armas contrabandeadas entram no Brasil pela fronteira terrestre, devido à sua extensão e dificuldade de fiscalização, afirmam os especialistas.
Eurico de Lima classifica a política do Governo brasileiro como a do "cobertor curto, de resposta imediata e tópica" e acrescenta que a diminuição do contrabando de armas "exige um investimento que o Brasil não está preparado para fazer ainda".
Diário Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário