"Alemanha de terceira classe" revela como vivem as camadas sociais inferiores do país
"Os pobres alemães seriam nababos em Calcutá. Só que eles vivem aqui." Três autores examinam a vida nas classes baixas de um dos países mais prósperos da Europa. Onde a pobreza não é tanto fome, mas sim exclusão social.
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Ricardo, quando eu vim morar na Alemanha, existia a ajuda social e o salário desemprego. Eram duas coisas distintas.
A ajuda social qualquer pessoa recebia, independente de ter pago o seguro desemprego ou não. E era suficiente para se viver com dignidade. Algumas pessoas mentiam e viviam indefinidamente do Estado. Mas isso existe em todo lugar. Corrupção independende do idioma falado ou da cor de pele. Depende, para mais ou mesmo, da aplicação das leis, como dizia Espinoza.
Já o seguro desemprego pagava quem trabalhava, evidentemente. Atualmente o seguro desemprego gira em torno de 3% do salário bruto. Suponhamos que o indivíduo pagou 30 anos o salário desemprego encima de um salário de 5 mil euro.
Antes, enquanto o indivíduo não encontrasse um trabalho, ele recebia uma porcentagem - acima de 50% - do salário que recebera enquanto trabalhando.
Agora não. A pessoa que tenha 50 anos recebe durante um ano 60% do salário. Depois disso ela passa a receber o Hartz IV, isto é, 354 euro. Se a pessoa tiver mais de 60 anos, recebe um ano e meio e depois cai no Hartz IV. Quem antigamente vivia do social vive também do Hartz IV.
(Não conferi as idades e porcentagens, tudo é aproximado. Não encontrei - na minha zona, isto é, minha mesa - os dados)
Todo mundo foi rebaixado ao nível do Hartz IV.
Imagine com essa crise.
Ontem ouvi depoimentos de pessoas que pagaram os impostos durante anos a fio, estão acima de 50 anos de idade, consequentemente 'imprestáveis' para o mercado de trabalho. Elas nunca mais conseguirão um trabalho no mesmo padrão de antes. Estão arrasadas ao imaginar terem de viver de 354 euro. Isso quando já não vivem ! As pessoas estão apavoradas. E revoltadas.
E tem mais. Depois de um certo tempo, o Estado obriga essas pessoas a pegarem qualquer trabalho. Independente de suas qualificações. Um engenheiro é obrigado a trabalhar como jardineiro recebendo o chamado Ein-Euro-Job - trabalho de um euro.
A coisa foi feita de tal maneira que só o empregador sai ganhando. Pois imagina só. Você tem um bar, uma fábrica ou seja que negócio for, com um empregado que você paga um euro por hora! Bingo! Quer coisa melhor? O resto dos encargos o Estado paga. O empregador não tem compromisso com nada. No final quem arca com todos os custos é o Estado. O empregador sai livre, leve e solto. É o neoliberalismo extremado.
E tudo criado pelo SPD !
Pior. O cara que criou o Hartz IV se chama Peter Hartz, trabalhava para a VW e esteve envolvido em escândalos com prostitutas. A VW chegava a pagar 600 euro a prostitutas para ele. Certamente sem pedir recibo, o que não obrigava a prostituta a pagar imposto. Ele foi condenado mas saiu 'auf Bewährung. 'Bewährung' significa que o indivíduo é condenado mas sai da corte livre. Isso é muito usado para gente rica na Alemanha.
Aqui tem um texto que escrevi dia 30 de agosto sobre a lavada que o Die Linke deu no SPD. Alias, o povo deu a resposta ao SPD. Vamos ver como será no dia 27.
A ajuda social qualquer pessoa recebia, independente de ter pago o seguro desemprego ou não. E era suficiente para se viver com dignidade. Algumas pessoas mentiam e viviam indefinidamente do Estado. Mas isso existe em todo lugar. Corrupção independende do idioma falado ou da cor de pele. Depende, para mais ou mesmo, da aplicação das leis, como dizia Espinoza.
Já o seguro desemprego pagava quem trabalhava, evidentemente. Atualmente o seguro desemprego gira em torno de 3% do salário bruto. Suponhamos que o indivíduo pagou 30 anos o salário desemprego encima de um salário de 5 mil euro.
Antes, enquanto o indivíduo não encontrasse um trabalho, ele recebia uma porcentagem - acima de 50% - do salário que recebera enquanto trabalhando.
Agora não. A pessoa que tenha 50 anos recebe durante um ano 60% do salário. Depois disso ela passa a receber o Hartz IV, isto é, 354 euro. Se a pessoa tiver mais de 60 anos, recebe um ano e meio e depois cai no Hartz IV. Quem antigamente vivia do social vive também do Hartz IV.
(Não conferi as idades e porcentagens, tudo é aproximado. Não encontrei - na minha zona, isto é, minha mesa - os dados)
Todo mundo foi rebaixado ao nível do Hartz IV.
Imagine com essa crise.
Ontem ouvi depoimentos de pessoas que pagaram os impostos durante anos a fio, estão acima de 50 anos de idade, consequentemente 'imprestáveis' para o mercado de trabalho. Elas nunca mais conseguirão um trabalho no mesmo padrão de antes. Estão arrasadas ao imaginar terem de viver de 354 euro. Isso quando já não vivem ! As pessoas estão apavoradas. E revoltadas.
E tem mais. Depois de um certo tempo, o Estado obriga essas pessoas a pegarem qualquer trabalho. Independente de suas qualificações. Um engenheiro é obrigado a trabalhar como jardineiro recebendo o chamado Ein-Euro-Job - trabalho de um euro.
A coisa foi feita de tal maneira que só o empregador sai ganhando. Pois imagina só. Você tem um bar, uma fábrica ou seja que negócio for, com um empregado que você paga um euro por hora! Bingo! Quer coisa melhor? O resto dos encargos o Estado paga. O empregador não tem compromisso com nada. No final quem arca com todos os custos é o Estado. O empregador sai livre, leve e solto. É o neoliberalismo extremado.
E tudo criado pelo SPD !
Pior. O cara que criou o Hartz IV se chama Peter Hartz, trabalhava para a VW e esteve envolvido em escândalos com prostitutas. A VW chegava a pagar 600 euro a prostitutas para ele. Certamente sem pedir recibo, o que não obrigava a prostituta a pagar imposto. Ele foi condenado mas saiu 'auf Bewährung. 'Bewährung' significa que o indivíduo é condenado mas sai da corte livre. Isso é muito usado para gente rica na Alemanha.
Aqui tem um texto que escrevi dia 30 de agosto sobre a lavada que o Die Linke deu no SPD. Alias, o povo deu a resposta ao SPD. Vamos ver como será no dia 27.
Um comentário:
354 euros dá para viver uns 4 dias na Alemanha. Com muito aperto dá para uma semana, no estilo brasileiro.
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