23 agosto 2009

Muito boa análise

UDN, PSD e PTB: com outros nomes, eles sobrevivem e disputam o poder no Brasil

por Rodrigo Viana

Os leitores mais novos devem me achar um "tiozinho" meio chato - por causa dessa mania de falar em UDN e Getúlio Vargas, como metáforas para pensar em Lula e na oposição demo-tucana.

Mas vou correr o risco, e insistir no tema.

Vargas reunia PTB e PSD para enfrentar os corvos; Lula precisa fazer o mesmo porque a UDN vem babando

Inspirei-me num belíssimo comentário do leitor Fernando Trindade a meu último texto - sobre Marina, Gil e a hipocrisia da nova UDN - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/gil-pra-marina-no-pv-ob-observando-hipocritas.

Fernando disse:

"(...) sem alianças Lula não teria sequer concluído o primeiro mandato. Esse foi o grande problema no pré-64 que levou ao golpe, o rompimento da aliança do PTB com o PSD. No Brasil, gostemos ou não, o centro fisiológico (que não é necessariamente corrupto, aliás) é o fiel da balança. Nos idos de 1963, quando o PSD passou para o lado da UDN, a esquerda ficou isolada e tivemos a tragédia do golpe. E o objetivo do PIG e seus aliados é exatamente descolar o centro fisiológico do Governo Lula para isolá-lo e derrotá-lo."

Além de resumir bem a correlação de forças que levou ao golpe de 64 (não esqueçamos, claro, o peso da Guerra Fria e da CIA no episódio), o comentário fez-me concluir o seguinte: no Brasil continuam a existir só três partidos - UDN, PSD e PTB *.

No pré-64, PTB e PSD jogavam juntos. A UDN, isolada (mas dominante nos grandes jornais, como hoje), só chegou ao poder em 61 - quando capturou Janio Quadros e pensou que governaria com ele. Janio tinha outros planos. Numa noite de agosto, tomou um porre maior do que o habitual, e renunciou.

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Um comentário:

jozahfa disse...

É tudo o que os nosferatus da direita querem: que a classe média tenha medo e arraste com ela o proletariado junto no seu medo para que possam se oferecer como salvadores da pátria. Tsi, tsi, não vai adiantar. A contra-revolução de 64 foi derrotada pela legalidade democrática. É verdade que a situação ainda é ambígua, com os vampiros operando de sua bancada na câmara alta e das redações dos jornalões goebbelslianos. Mas as velhas táticas de propaganda não têm funcionado como deveria. Há um componente que desorienta direitas e esquerdas.