31 julho 2009

Política externa de Lula "é bem brasileira"


por SUSANA SALVADOR - Diário Digital/Portugal 28.07.2009

Presidente tem apostado no desenvolvimento das relações com países do hemisfério sul, sobretudo de África. Já fez cinco vezes mais viagens a este continente do que qualquer antecessor, sublinha o cientista político Clóvis Brigagão.

O carisma do Presidente Lula da Silva facilitou o impulso que o Brasil já vinha a viver desde o regresso à democracia de pensar o país como um actor global. "Lula é um tipo popular, sem ser populista ou bobão. Leva a sério a sua posição, mas faz tudo de uma maneira bem brasileira", disse ao DN o cientista político Clóvis Brigagão, que na semana passada deu uma palestra sobre política externa brasileira na Casa da América Latina.

Essa maneira bem brasileira "é uma diplomacia doce, suave, não é ao tipo americano, assertiva", referiu o director adjunto do Centro de Estudos das Américas. "O Brasil não joga agressivamente com ninguém" e já teve de "engolir alguns sapos" nas relações com os seus vizinhos. A resolução de conflitos através de meios pacíficos e a defesa da lei internacional são as bases da sua democracia externa.

"O Presidente Lula compreendeu esse movimento do Brasil para fora", referiu Brigagão. E, como nos tempos em que era dirigente sindical, escolheu a dimensão de "entrar em entendimento com todo o mundo". O futuro Governo, seja ele qual for, deverá seguir o mesmo caminho: "A minha percepção é que o Brasil não volta atrás, porque a própria sociedade entendeu que o Brasil deve participar nesta dimensão internacional."

A aposta de Lula foi claramente a relação Sul-Sul, tendo quintuplicado as viagens que antigos presidentes fizeram a África, explicou o analista. "Há claramente um interesse neste continente", explicou. Em relação aos vizinhos, o desenvolvimento do Conselho de Defesa Sul-Americano permite lidar com as novas ameaças globais: crime organizado, tráfico de droga, terrorismo, e ataques contra o meio ambiente.

Depois há ainda outros fóruns regionais, como o Mercosul, que neste momento está apenas "um pouco parado no porto, em conserto". E a presença do Brasil no G20, que ganhou maior destaque com a actual crise internacional. Em relação ao futuro, "os novos actores do G20 vão querer continuar e exigir que as grandes decisões económicas e políticas continuem a passar pelo G20, e não apenas pelo G7", explicou.

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