24 abril 2009

Mantega rebate FMI e diz que bancos do Brasil estão sólidos

Bruno Garcez - da BBC Brasil em Washington

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira, em Washington, que os bancos brasileiros estão sólidos e afirmou que iria cobrar do diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, explicações sobre comentários feitos por ele de que a crise poderá afetar as instituições financeiras do país.

Durante uma entrevista realizada na terça-feira, o diretor do Fundo disse ao jornal Valor Econômico e a outras três publicações latino-americanas, que, se "a desaceleração da economia continuar por muito tempo, até os bancos da América Latina vão carregar ativos tóxicos".

"Eu não sei de que bancos ele está falando, certamente não está falando dos bancos brasileiros. Se ele falou isso, vou ter a oportunidade de esclarecer, porque vou ter uma reunião com ele (nesta quinta-feira, à noite), ele está totalmente equivocado em relação aos bancos brasileiros. Os maiores bancos na América Latina são os brasileiros, e os bancos do Brasil estão absolutamente sólidos", disse Mantega, em entrevista à imprensa brasileira, na sede do FMI.

"Os bancos brasileiros estão sólidos, porque o Brasil tem uma regulação muito mais rigorosa do que a maioria dos países. Os bancos brasileiros continuam tendo lucros, e lucros elevados. É um sinal de solidez. Ele (Strauss-Kahn) não tem mais informações do que eu tenho. Eu conheço profundamente os bancos brasileiros, todos eles", afirmou o ministro, que está na capital americana para participar da reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, que acontece neste final de semana.

O ministro também refutou a previsão feita pelo Fundo, em seu relatório World Economic Outlook, divulgado nesta semana, de que o PIB brasileiro sofrerá contração de 1,3% em 2009.

"Ainda discuto essa previsão, de que o Brasil terá um PIB negativo. Eu acredito que nós teremos um PIB positivo, não será alto, mas será positivo. Estamos mais próximos da Índia e da China, que são os países que terão crescimento positivo, do que dos Estados Unidos".

De acordo com o FMI, a China e a Índia crescerão respectivamente 6,5% e 7,3% neste ano, ao passo que os Estados Unidos sofrerão retração de 2,8%.

"Não chegaremos a tanto", comentou Mantega em relação ao crescimento chinês e indiano, mas "o que estou dizendo, é que estamos mais próximos das condições econômicas de China e de Índia do que dos Estados Unidos, dos países europeus, Japão, etc.".

O ministro acrescentou que a economia brasileira já está em vias de recuperação, enquanto outras economias não estão tendo a mesma performance.

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