14 março 2009

Ex-ouvidor denuncia espionagem e chantagem no governo gaúcho



O ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Adão Paiani, denunciou na manhã desta sexta-feira (13) o uso ilegal do sistema Guardião (utilizado para escutas telefônicas autorizadas judicialmente) pelo governo de Yeda Crusius (PSDB) para pressionar e chantagear políticos no Estado. O esquema teria sido articulado dentro da própria Secretaria de Segurança. Após um encontro com o chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, o ex-ouvidor relatou que pelo menos duas pessoas foram alvo de espionagem. Paiani disse ainda que recebeu provas da espionagem ilegal logo depois do carnaval e que elas serão divulgadas no balanço de sua gestão.

O sistema Guardião, utilizado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) para escutas telefônicas autorizadas judicialmente, é usado para "chantagem e pressão política" dentro do governo estadual. As declarações foram dadas à imprensa na manhã desta sexta-feira (13) pelo ex-ouvidor da Segurança Adão Paiani, após encontro que ele teve com o chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel.

"Sem dúvida nenhuma. O Guardião hoje está sendo usado de forma totalmente indevida e ilegal. Isso as pessoas há muito tempo sabem, mesmo que neguem publicamente, mas têm medo ou não têm condição de provar isso, coisa que agora eu tenho", disse.

Paiani relatou que pelo menos duas pessoas foram alvo de espionagem, mas não ele. O ex-ouvidor, que ficou dois anos e meio no cargo, explicou não ter feito antes a denúncia porque lhe faltavam provas. Ele as teria recebido em fevereiro, logo depois do Carnaval. Conforme Paiani, o sistema de escutas ilegais foi articulado na SSP.

Ao ser indagado se tinha atritos na pasta, o ex-ouvidor confirmou que sim, citando o próprio secretário da Segurança Pública, coronel Edson Goularte, e o coronel Paulo Renato Biacchi, ex-titular do Comando Rodoviário da Brigada Militar. Paiani garantiu que vai à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do RS e avaliará como divulgar o relatório mais tarde. As provas, segundo o ex-ouvidor, aparecem em balanço sobre a sua gestão, dividido em três partes: estatística, propostas e a denúncia.

Depois do encontro, realizado a partir das 9h40min no Palácio Piratini, em Porto Alegre, Wenzel negou que a reunião tenha sido uma espécie de negociação para que o relatório não seja divulgado. O secretário afirmou que o documento não foi apresentado a ele por Paiani.


Com informações do Zero Hora

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