Bom para eles, ótimo para nós
Por Mauro Santayana
Se o programa de Obama de controlar com novas leis o capital financeiro em seu país e fechar os paraísos fiscais for para valer, enfim algo que seria bom para os Estados Unidos o seria também para o Brasil
A recente crise global do capitalismo tem servido para novo balanço do poder das nações. O critério para definir a força das sociedades nacionais era o econômico: quanto maior o PIB – produção interna bruta anual – mais importante o país. A esses números era comum somar-se o poder de suas Forças Armadas e a produção de tecnologia. Há outros critérios, que começam a ser pesados: a dimensão territorial, os recursos naturais, a população. O Brasil se situa entre os cinco maiores países do mundo, ao lado de China, Estados Unidos (com população maior que a nossa), Rússia e Canadá. Fora do grupo está a Índia, de grande população, mas com a metade do território brasileiro. O Brasil é o que dispõe de mais biodiversidade e maior extensão de terras cultiváveis durante todas as estações do ano.
Do ponto de vista econômico dispomos de potencial mercado interno, que só agora, com as medidas distributivas do governo Lula, começa a ser explorado. Produzir para os próprios brasileiros, em primeiro lugar, deve ser o programa no momento de crise no comércio mundial. Foi o que fizeram os Estados Unidos, durante a Depressão, mediante o New Deal.
Mas não nos bastam grande população e extenso território se não formos capazes de construir um eficiente sistema de defesa do território, em que se combinem ações diplomáticas com esforços militares. No campo diplomático convém-nos estabelecer alianças na defesa de interesse comum, como estamos fazendo, no caso da Unasul, a união dos países da América do Sul. A soma do poder de defesa do continente sul-americano é respeitável. Podemos, facilmente, criar um Exército comum de mais de 2 milhões de homens e equipá-los com armas modernas em poucos anos. Na defesa do próprio território, um soldado vale por cinco invasores, como demonstrou a resistência heróica dos vietnamitas.
Não estamos tão atrasados na corrida tecnológica. Na produção de alimentos, o Brasil se encontra na vanguarda da tecnologia, graças aos pesquisadores da Embrapa. Perdemos a posição de vanguarda que então tínhamos com os centros de pesquisa da Telebrás, mas, felizmente, a grande empresa de estudos agropecuários conseguiu escapar da fúria privatizante de Fernando Henrique e seus auxiliares. Conseguimos, com a Embrapa, conservar e ampliar os conhecimentos sobre a natureza e preservação do solo, o aperfeiçoamento genético das sementes e dos animais de corte, as técnicas naturais de combate às pragas, os métodos de plantio. Estamos também adiantados nos estudos de medicina, na engenharia da genética humana, na pesquisa com células-tronco. Nossos cientistas têm produzido trabalhos de grande valor, sem falar nos pesquisadores brasileiros que, tendo sido compelidos a deixar o Brasil nos últimos decênios, vêm surpreendendo os centros internacionais com sua competência.
O que tem sido a nossa tragédia são parcelas de nossas elites, que insistem em agachar-se diante dos estrangeiros. Isso sem falar nos ladrões habituais, que se associam aos banqueiros internacionais para saquear o povo brasileiro. Nos que se associam aos especuladores internacionais para atacar nossas reservas, nos peculatários e sonegadores que assaltam o Tesouro e remetem o dinheiro para o Exterior e o repatriam para mais uma vez especular, no ciclo interminável de exploração dos brasileiros. Nesse episódio da crise, estamos vendo que o governo agiu com rapidez para proteger o sistema, liberando os bancos do depósito compulsório. Mas os bancos, em lugar de empregar o dinheiro para financiar a produção e evitar a recessão, como era o projeto, usam-no para comprar títulos do Tesouro e especular no mercado cambial, enfraquecendo o real.
O senhor Juracy Magalhães ficou famoso ao dizer que o que era bom para os Estados Unidos era também bom para o Brasil. Estava enganado, naquele momento. Mas, se o programa de Obama de controlar com novas leis o capital financeiro em seu país e fechar os paraísos fiscais – a fim de obrigar as empresas a pagar impostos justos – for para valer, o bom para os Estados Unidos será ótimo para o Brasil.
Revista do Brasil
Se o programa de Obama de controlar com novas leis o capital financeiro em seu país e fechar os paraísos fiscais for para valer, enfim algo que seria bom para os Estados Unidos o seria também para o Brasil
A recente crise global do capitalismo tem servido para novo balanço do poder das nações. O critério para definir a força das sociedades nacionais era o econômico: quanto maior o PIB – produção interna bruta anual – mais importante o país. A esses números era comum somar-se o poder de suas Forças Armadas e a produção de tecnologia. Há outros critérios, que começam a ser pesados: a dimensão territorial, os recursos naturais, a população. O Brasil se situa entre os cinco maiores países do mundo, ao lado de China, Estados Unidos (com população maior que a nossa), Rússia e Canadá. Fora do grupo está a Índia, de grande população, mas com a metade do território brasileiro. O Brasil é o que dispõe de mais biodiversidade e maior extensão de terras cultiváveis durante todas as estações do ano.
Do ponto de vista econômico dispomos de potencial mercado interno, que só agora, com as medidas distributivas do governo Lula, começa a ser explorado. Produzir para os próprios brasileiros, em primeiro lugar, deve ser o programa no momento de crise no comércio mundial. Foi o que fizeram os Estados Unidos, durante a Depressão, mediante o New Deal.
Mas não nos bastam grande população e extenso território se não formos capazes de construir um eficiente sistema de defesa do território, em que se combinem ações diplomáticas com esforços militares. No campo diplomático convém-nos estabelecer alianças na defesa de interesse comum, como estamos fazendo, no caso da Unasul, a união dos países da América do Sul. A soma do poder de defesa do continente sul-americano é respeitável. Podemos, facilmente, criar um Exército comum de mais de 2 milhões de homens e equipá-los com armas modernas em poucos anos. Na defesa do próprio território, um soldado vale por cinco invasores, como demonstrou a resistência heróica dos vietnamitas.
Não estamos tão atrasados na corrida tecnológica. Na produção de alimentos, o Brasil se encontra na vanguarda da tecnologia, graças aos pesquisadores da Embrapa. Perdemos a posição de vanguarda que então tínhamos com os centros de pesquisa da Telebrás, mas, felizmente, a grande empresa de estudos agropecuários conseguiu escapar da fúria privatizante de Fernando Henrique e seus auxiliares. Conseguimos, com a Embrapa, conservar e ampliar os conhecimentos sobre a natureza e preservação do solo, o aperfeiçoamento genético das sementes e dos animais de corte, as técnicas naturais de combate às pragas, os métodos de plantio. Estamos também adiantados nos estudos de medicina, na engenharia da genética humana, na pesquisa com células-tronco. Nossos cientistas têm produzido trabalhos de grande valor, sem falar nos pesquisadores brasileiros que, tendo sido compelidos a deixar o Brasil nos últimos decênios, vêm surpreendendo os centros internacionais com sua competência.
O que tem sido a nossa tragédia são parcelas de nossas elites, que insistem em agachar-se diante dos estrangeiros. Isso sem falar nos ladrões habituais, que se associam aos banqueiros internacionais para saquear o povo brasileiro. Nos que se associam aos especuladores internacionais para atacar nossas reservas, nos peculatários e sonegadores que assaltam o Tesouro e remetem o dinheiro para o Exterior e o repatriam para mais uma vez especular, no ciclo interminável de exploração dos brasileiros. Nesse episódio da crise, estamos vendo que o governo agiu com rapidez para proteger o sistema, liberando os bancos do depósito compulsório. Mas os bancos, em lugar de empregar o dinheiro para financiar a produção e evitar a recessão, como era o projeto, usam-no para comprar títulos do Tesouro e especular no mercado cambial, enfraquecendo o real.
O senhor Juracy Magalhães ficou famoso ao dizer que o que era bom para os Estados Unidos era também bom para o Brasil. Estava enganado, naquele momento. Mas, se o programa de Obama de controlar com novas leis o capital financeiro em seu país e fechar os paraísos fiscais – a fim de obrigar as empresas a pagar impostos justos – for para valer, o bom para os Estados Unidos será ótimo para o Brasil.
Revista do Brasil
Um comentário:
Quanto ódio e quanta bobagem em tão poucas linhas.
Embrapa nunca foi cogitada em ser privatizada. Mané. A Embrapa quase foi para o buraco em 2003/2004 porque foi loteado por petistas. As pequisas ficaram paralisadas. Só depois de acabar com os Petralhas a Embrapa conseguiu se reerger.
Se informe antes de espalhar tamanha mentira
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