12 novembro 2008

Na Itália, Lula clama unidade das centrais contra a crise

Durante seminário promovido pelas centrais sindicais italianas, nesta terça-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os sindicalistas de todo o mundo a se unir e apresentar propostas para enfrentar a crise econômica do capitalismo internacional, que hoje tem por epicentro os EUA. Afinal, a classe trabalhadora é quem acaba pagando a conta da crise, via desemprego em massa e arrocho dos salários.

Falando para um auditório lotado, com capacidade para 1.200 pessoas, o presidente avaliou que o mundo vive um momento dramático. "A crise que chegou no setor financeiro já afeta a economia real, atingindo trabalhadores, com o corte de salário e emprego." O apelo serve também para as centrais sindicais brasileiras, que até agora não conseguiram realizar um pronunciamento unificado sobre o tema.

Lula também salientou que as pessoas não devem esperar muito da reunião do G-20 (grupo formado por grandes economias desenvolvidas e emergentes) em Washington, no próximo fim de semana. "Não temos ainda um diagnóstico da crise e não espere muito dessa reunião do G-20 em Washington. Ela é o começo, um começo promissor", disse.

Novo buraco

Lula disse que ainda não é possível fazer conclusões sobre os efeitos da crise. "Essa crise ainda não nos permite conhecer todos os males que vem causar à humanidade", afirmou. "A cada dia aparece uma novidade. A cada dia aparece um buraco", completou.

O presidente disse que a situação do Brasil é "razoável" diante da crise financeira internacional. Ele garantiu que o governo brasileiro continuará investindo. "No Brasil nós temos obras de infra-estrutura, no valor de R$ 210 bilhões e não vamos parar nenhuma obra, pois achamos que é o momento do mercado interno.

Medo e realidade

O presidente destacou que está fazendo todo esforço para que a crise não atinja os pobres, mas admite que essa é uma tarefa difícil ao fazer uma breve incursão teórica para explicar, do seu ponto de vista, o desenvolvimento da crise.

Em um primeiro momento, segundo Lula, existe a "crise do medo", que faz o empresário não investir, o banco não emprestar e o trabalhador não comprar. "Quando nós chegarmos a essa realidade, começa a crise real", afirmou.

Por isso, o presidente fez um apelo para que outros governantes ajam rapidamente para a recuperação do sistema financeiro. "Precisamos de crédito para irrigar a economia", disse.

Ele lembrou ainda da crise de alimentos, do aquecimento global e da falta de energia no mundo. Lula voltou a defender a retomada das negociações da Rodada Doha de comércio multilateral, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em sua opinião, a Rodada Doha, no atual momento, é uma das alternativas para a solução da crise.

EUA

Lula reafirmou o discurso que fez em Foz do Iguaçu (PR), de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, precisa resolver a crise financeira no prazo de um ano, para evitar problemas políticos. "Acho que, inteligente como ele é, sabe que se a crise não for debelada logo, um ano depois ficará na responsabilidade dele", afirmou o presidente sob demorados aplausos da platéia de sindicalistas.

Ele voltou a criticar as agências de classificação de risco. "Até agora não vi nenhuma agência medir o risco dos Estados Unidos. É como se apenas os países pobres pudessem oferecer riscos a investidores internacionais", afirmou.

Portal CTB

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