07 outubro 2007

Armadilha?

Há um aspecto que parece negativo a respeito da decisão do Supremo e para o qual as legendas que provocaram a decisão, PSDB, DEM e PPS, parecem não estar atentas. Esses partidos, de oposição hoje, apresentaram consulta ao TSE. E o caso foi parar no STF para palavra final.

PSDB, DEM e PPS correm o risco de ver o feitiço se voltar contra o feiticeiro.

A Constituição de 1988 nos legou um presidencialismo meio parlamentarista. O partido que elege o presidente não elege maioria no Congresso, algo essencial para governar.

O presidente eleito monta, então, uma operação para garantir sua governabilidade. No Brasil, tem sido assim: a coalizão governista reúne os partidos que elegeram o presidente e legendas fisiológicas que apóiam o poderoso de plantão. Na outra ponta, ficam os partidos que perderam a eleição presidencial e que, normalmente, vêem quadros seus migrarem para a coalizão governista.

A decisão do STF terá pouco efeito sobre o governo Lula. A coalizão lulista já está formatada. No entanto, o próximo presidente conviverá com uma realidade mais adversa para montar sua base de sustentação congressual caso não haja uma reforma política.

Lembrança: o tucano José Serra, governador de São Paulo e presidenciável mais bem posicionado nas pesquisas sobre a sucessão de 2010, aposta numa aliança com DEM e PPS para conquistar o Palácio do Planalto. Se for eleito, terá de lidar com outra realidade na hora de montar a coalizão congressual.

Kennedy Alencar

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