09 julho 2006

Política de Cotas - Parece que uma luz acendeu

Marcos Loures

Considero que, numa Nação altamente miscigenada como a nossa, uma abordagem de cotas que considere prioritariamente renda familiar e origens é mais acertada e aceitável e, assim, deve-se levar em conta cuidadosamente a condição econômica dos beneficiados, evitando segregações segundo conceitos raciais. Não podemos correr o risco de transformar a Nação, constituída de um conjunto de cidadãos iguais perante a lei, numa confederação de raças ou etnias.

Num país onde a definição racial é extremamente relativa, onde temos uma classe média e uma elite composta por brancos, negros e pardos, onde temos um proletariado com a mesma variedade racial, o mais justo é, realmente, uma existência de cotas com relação à classes sociais e não raciais; devendo, paralelamente, haver um investimento em massa na educação pública.

Minha origem social é a classe média baixa, sou oriundo por parte de mãe, luso, e afrodescendente na ascendência paterna. Estudei em colégio público e não acho justa a cotização por diferenças de cútis. É uma atitude tão preconceituosa e racista quanto foi a distribuição das terras pós abolição para os europeus, em detrimento dos afrodescendentes. O resgate do Brasil, entretanto, é social e não somente racial. A fórmula encontrada para resolver-se o dilema é muito mais inteligente do que a anterior.

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