O candidato da oposição à Presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, recusou-se na quinta-feira a aceitar os resultados da apuração, que dão uma estreita vantagem ao governista Felipe Calderón, e decidiu contestar o resultado na Justiça. -"Não podemos reconhecer nem aceitar esses resultados. Há muitas irregularidades" - disse ele numa entrevista coletiva. A apuração preliminar deu a Calderón 0,6 ponto percentual de vantagem. A recontagem dava ao governista a vitória por uma margem ainda menor, mas inalcançável: 244 mil votos - a menor margem já registrada em uma eleição no México.
Obrador convocou, neste sábado, uma onda de mobilizações para denunciar "a fraude" nas eleições presidenciais de 2 de julho no México, com a vitória do conservador Felipe Calderón.
Ao presidir uma grande manifestação na praça da base da capital do país, cidade da qual foi prefeito entre 2000 e 2005, López Obrador anunciou também que amanhã irá à Justiça para impugnar os resultados das eleições que perdeu por apenas 0,58 ponto, segundo os dados oficiais. De acordo com a polícia, cerca de 100 mil pessoas estavam no local.
O candidato esquerdista, do Partido da Revolução Democrática (PRD), também acusou o presidente mexicano, Vicente Fox, de ser um "traidor da democracia", supostamente por ter planejado as "várias irregularidades" que, segundo ele, o impediram de ganhar as eleições contra o governista Calderón.
López Obrador convocou seus simpatizantes a realizar a partir da próxima quarta-feira uma "pacífica marcha nacional pela democracia", a partir de todos os estados em direção à capital do país.
"Convido todos a participar desta mobilização cidadã, pois não podemos permitir que haja um retrocesso democrático no México", acrescentou o líder do PRD e ex-militante do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou ininterruptamente entre 1929 e 2000, quando houve a vitória de Fox, do Partido de Ação Nacional (PAN).
Acrescentou que as mobilizações não pretendem "afetar os direitos de terceiros nem violar a lei", mas "denunciar com firmeza uma inaceitável situação de defraudação eleitoral".
López Obrador também convocou seus simpatizantes para uma nova "assembléia informativa" em 16 de julho, para que se mantenham a par das gestões que estão sendo realizadas no Tribunal Eleitoral do Poder Judiciário da Federação (TEPJF), diante do qual impugnará os resultados das eleições.
Os líderes do PRD querem que o TEPJF faça uma apuração "voto a voto" das eleições de 2 de julho, o que, de acordo com juristas, levaria à anulação das eleições, embora os dirigentes da esquerda neguem que estejam promovendo esse cenário.
O TEPJF tem prazo até 31 de agosto para resolver as queixas, e até 6 de setembro para indicar o presidente eleito, que deve tomar posse em 1º de dezembro para um mandato de seis anos.
López Obrador disse que também irá à Corte Suprema de Justiça para que examine os "vícios no processo eleitoral, que, certamente, não terminou, por isso ninguém pode se chamar de 'presidente eleito'".
"Chamo o TEPJF e a Corte Suprema a avaliar minuciosamente a transcendência histórica da decisão que terão que tomar", disse o líder esquerdista em discurso de 50 minutos diante de mais de cem mil pessoas vestidas de amarelo, a cor do PRD.
De acordo com López Obrador, as felicitações de políticos e governantes estrangeiros para Calderón "são puro palavreado, pois o processo ainda não terminou e nós ganhamos as eleições, e vamos defender os votos de nossa gente".
"Trata-se de não permitir um retrocesso democrático, pois se deixarmos nossos adversários se imporem através da fraude, levaremos o México ao passado", afirmou o líder esquerdista. "Por isso incomoda a atitude de Fox, que chegou ao poder graças aos avanços democráticos e, uma vez na Presidência, se transforma em um traidor da democracia", disse López Obrador.
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