17 janeiro 2011

Jornais europeus veem tragédia no Rio como primeiro desafio para Dilma

As cenas e fotos dramáticas da catástrofe no Rio de Janeiro também predominam na imprensa alemã. Jornais europeus veem episódio como primeira crise imediata a ser resolvida pela nova presidente.

As imagens da catástrofe no Rio de Janeiro foram o destaque das edições da noite de quinta-feira (13/01) dos dois principais telejornais nacionais na Alemanha. Os telespectadores do Tagesschau, exibido pela emissora pública ARD no horário nobre, também acompanharam o resgate dramático de Ilair Pereira de Souza, moradora salva por uma corda jogada pelos vizinhos enquanto sua casa era levada pela enxurrada.

O telejornal Heute, do também canal público ZDF, mostrou a agonia de parentes das vítimas da tragédia, relatos de sobreviventes, o trabalho de voluntários na retirada dos corpos e os abrigos improvisados. Ambos os programas citaram a cifra de 356 milhões de euros que o governo federal prometeu para ajudar as vítimas no Rio de Janeiro.

A edição online do jornal Frankfurter Algemeine Zeitung (FAZ) narrou os acontecimentos na região serrana do estado como "a pior catástrofe natural da história" do Brasil. A publicação se ateve aos fatos, sem traçar um perfil social das localidades mais atingidas. O FAZ citou a visita de Dilma Rousseff, "que caminhou a pé pela região" e "mostrou-se muito chocada" com a situação, descreveu o jornal.

No seu site, o Der Spiegel contou que "as ambulâncias e igrejas se transformaram em necrotério, e o odor dos cadáveres era intensificado pelo ar quente". O veículo de imprensa também ressaltou o número de mortos, que ultrapassava os 500, e se sobrepunha à catástrofe de 1967 em Caraguatatuba, litoral de São Paulo, quando 436 pessoas morreram vítimas de um deslizamento.

Quem não pode mostrar a imagem do resgate de Ilair Pereira de Souza, descreveu com riqueza de detalhes a cena que rodou o mundo. Foi também o caso do jornal Süddeutsche Zeitung, que trouxe ainda uma galeria de fotos ilustrando a catástrofe.

Pela Europa

"O Brasil está de luto", diz o início do texto escrito pelo correspondente do jornal espanhol El País. Para a publicação, Dilma Rousseff está diante de sua "primeira prova desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro."

A reportagem do El País contou que "apesar dos apelos das autoridades às mais de 5 mil famílias para que deixassem suas casas, poucas atenderam o chamado, temendo que fosse roubado o pouco de ainda possuem". O jornal escreve que, devido às previsões de mais chuva, a situação está longe de estar sob controle, e que a tragédia – "que pode ser qualificada de morte anunciada" – não pode ser atribuída somente ao mau tempo, "mas sim a uma falta de prevenção e ao descuido de políticos locais, que permitem construir em zonas de risco."

O inglês The Guardian concorda que "essa á uma crise imediata para a presidente do Brasil". O jornal cita a fala de Rousseff, que teria classificado o desastre não como um ato divino, mas uma tragédia em que a natureza não pode ser a única culpada.

"Nós vimos áreas onde montanhas intocadas pelo homem se dissolveram. Mas também vimos lugares onde a ocupação ilegal causou danos à saúde e à vida das pessoas", reproduziu o jornal a declaração da presidente.

A publicação se ocupou em detalhar as condições em que viviam as populações mais afetadas, os bairros que desapareceram sob a lama, como a favela Campo Grande, em Teresópolis, e o depoimento de sobreviventes.

Na França, os principais jornais também destacaram a tragédia fluminense. O Le Figaro estampava em sua página online uma galeria de fotos com os estragos causados pelas chuvas, a remoção de entulhos, a busca por sobreviventes e o enterro de vítimas.

Autora: Nádia Pontes - Revisão: Roselaine Wandscheer

Um comentário:

BLOG DO WAGNÃO disse...

A memória do pig é seletiva. A maior tragédia foi na serra das araras, no rio de janeiro, em 1966, onde houve mais de 1400 mortos. Também teve no mesmo ano de 1966 igual tragédia, com cerca de 400 mortos em caraguatuba, sp